A aparente opção pela rolagem na forma “pinga gota” e fomentando incertezas no mercado de câmbio sobre o quanto cada vez, por quantos dias e se a rolagem será total, já deixou evidente que causa “stress” no comportamento da taxa cambial ao longo do dia, resultando em prevalência da volatilidade.
É consensual que o BC tem a necessidade promover a rolagem total da posição de “swaps cambiais” vincenda em 2 de dezembro próximo no montante de US$ 10,11 Bi, caso contrário promoverá forte impacto altista no preço da moeda pois reduzirá o lastro que suporta operações de “hedge” que podem estar dependentes desta rolagem.
A não rolagem total poderá fazer ressurgir a demanda no mercado futuro pressionando a taxa cambial, que então contaminará a taxa do mercado à vista que já está sob pressão de demanda efetiva de dólares “spot”, acelerando a alta, tornando-a mais intensa.
Não era e não é razoável esperar-se, após o anúncio de que iniciaria ofertas para rolagem da posição vincenda, que o fizesse numa única oferta, até porque sobreporia uma liquidez muito forte por curto prazo no mercado, que poderia promover uma forte volatilidade, mas fazendo-a de forma incerta estimula volatilidade não desprezível cotidianamente, como se viu ontem.
O fato é que o BC poderia mitigar as incertezas e anunciar um breve programa da rolagem total definindo valores e datas, “quebrando” assim incertezas e expectativas que nada contribuem para o comportamento dos mercados de câmbio à vista e futuro.
A autoridade monetária deve agir para mitigar o “stress” e a volatilidade do mercado, e agindo da forma presente, promove exatamente o contrário.
Hoje, o BC realiza oferta de mais um lote de 20.000 contratos.
Por outro lado, o mercado à vista continua evidenciando pressão de demanda e isto dá suporte à atual taxa cambial com viés de alta.
Como a liquidez do mercado vem sendo mantida pela triangulação de fornecimento de linhas de financiamento em moeda estrangeira pelo BC aos bancos, para que estes tenham suporte das “posições vendidas” que geram a liquidez ao mercado, se o fluxo cambial continuar negativo acima de US$ 1,0 Bi por semana, a autoridade monetária precisará aumentar a oferta semanal destas linhas.
Se o fluxo negativo acima de US$ 1,0 Bi semanal não for excedido até que ocorra o ingresso dos US$ 4,0 Bi relativos ao bônus do campo de Libra, a autoridade monetária será poupada, pelo menos por enquanto, da necessidade de oferta suplementar e os bancos ficarão, ao absorver os US$ 4,0 Bi, com uma folga para geração de liquidez, para suportar o incremento da demanda, mas não acreditamos que o fato tenha efeito depreciativo no preço da moeda americana.
O fator FED e inicio da redução do seu programa, foco de manifestações por parte de Presidentes regionais do FED americano ontem, parece já sensibilizar pouco ou quase nada o preço da moeda americana no nosso mercado à vista, pois a postergação já não permite que se vislumbre melhora de fluxos para o país e o inicio do desmonte poderá ser menos traumático pois o movimento de saída de recursos do país está se antecipando ao fato.
O contexto do mercado de câmbio não permite que se alimente perspectivas favoráveis de comportamento, visto haver fatores internos com muito peso nesta piora e sem perspectivas de melhora rápida de fluxos de recursos externos para o país.
Os fatores externos, aos quais se procura “transferir” os reflexos de nossas deficiências e fragilização, pesam, mas pesam menos e também decorrem mais das causas próprias que impedem que os investidores tenham atitude mais favorável.
E o pior é que não há sinais de que 2014 sugira quadro melhor para o cenário cambial brasileiro.