Sensatez é imperativa nas reações e projeções, visto que há muitas incertezas!

Hoje o governo apresenta a sua proposta para a Reforma da Previdência ao Congresso Nacional, este é um fato aguardado com grande ansiedade, em especial, pelo mercado financeiro, já que o contexto atual para as perspectivas para o país é binário, e isto impõe que prevaleça absoluta sensatez.

Inegavelmente, é crescente a convicção de que o governo não terá “vida fácil” no trato desta questão e que, na melhor das hipóteses só logrará alcançar aprovação no 3º trimestre deste ano, muito tempo para um quadro que requer urgência, e, é inegável que provocará reflexos no crescimento do PIB deste ano, retraindo as projeções atuais, o que poderá até precipitar redução da taxa SELIC, face à inércia da atividade econômica.

Esta será a grande cartada do governo e agora se tem melhor percepção sobre os debates e embates que serão travados no Congresso Nacional e nas suas comissões e, muito maiores, no Plenário onde deverá confrontar com interesses corporativos e ideológicos, sem ignorar a avalanche de “fake News” que deverá ser propagada por todos os meios possíveis.

Dúvidas e incertezas continuarão predominando até que se aproxime a finalização do processo de tramitação, não há como se vislumbrar qual será o conteúdo final da peça a ser submetida hoje pelo Presidente, sendo plausível admitir-se que sofrerá grandes mutações.

Há, pelo menos numa percepção inicial que está fraca coordenação política do governo no ambiente do Congresso para um embate que se pressupõe fortíssimo, e isto, preocupa visto que a Reforma da Previdência é fundamental para a viabilização dos propósitos do governo e, por conseguinte, da retomada do desenvolvimento econômico do país.

Não adianta “olharmos” para fora, o foco deverá ser integralmente interno, pois também os investidores externos que permanecem retraídos em relação ao Brasil, certamente, estarão com a mesma postura.

Então, movimentos muito argutos de ajustes em relação a perspectivas ainda sem sustentabilidade, ancoradas tão somente neste momento em anseios,  podem se revelar preocupantes e, mais adiante, erráticos.

Não há como “adivinhar” o que ocorrerá, portanto não há base segura para perspectivas entusiasmadas, naturalmente devendo ser mantido o otimismo como postura, mas sem exageros.

A questão fiscal é de suma importância para o país, por isso o absoluto foco na Reforma da Previdência, que acreditamos tem grande probabilidade de ser desidratada em suas projeções de economia almejada, mais ainda assim fundamental.

Os “players” do nosso mercado, ainda que sem fundamentos críveis, promovem e estimulam precificações dos indicadores e preços dos ativos otimistas, mas seguramente acabam por se revelar insustentáveis e são revertidos e isto acaba se revelando com a constante volatilidade.

A volatilidade na realidade deverá ser predominante, visto que não há base para tendências efetivas, visto que a economia real permanece a mesma e os avanços das tratativas entre China e Estados Unidos, na realidade podem não ser tão benéficos para o Brasil, há muitos interesses entre ambos que não nos favorecem, mas será um ponto importante para a economia global.

O FED divulgará hoje as atas da última reunião do FOMC, mas parece seguro o entendimento de que a postura “paciente” conduzirá a taxa de juro à manutenção por um longo período e isto retrai o interesse pelos T-Bonds e, naturalmente, pode enfraquecer a moeda americana frente algumas das demais moedas de relevância no mercado global.

Contudo, não nos parece razoável esperar-se movimento favorável aos investimentos estrangeiros no Brasil, em especial no mercado financeiro, o que deve fazer prevalecer o fluxo cambial bastante discreto ante as expectativas antecedentes, durante a transição das discussões em torno da Reforma da Previdência.

Continuamos com a convicção de que o preço da moeda americana fora do intervalo entre R$ 3,70 a R$ 3,75 estará fora do ponto, da mesma forma acreditamos que não haja fundamentos presentes que justifiquem antes de perspectivas mais assertivas em torno do desfecho da Reforma em seus termos finais para que a Bovespa supere os 100 mil pontos.


Sidnei Moura Nehme
Economista e Diretor Executivo da NGO

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