Tudo indica que teremos um final do mês com muita volatilidade nos preços e indicadores dos ativos, e há motivos internos e externos.
O foco maior no mercado de câmbio deverá estar no embate entre “comprados” e “vendidos” no mercado futuro do dólar, pois hoje é o dia da PTax referencial para ajuste dos contratos dos diversos derivativos dolarizados.
O BC que atuou tardiamente fomentando a liquidez do mercado a vista com oferta discreta de linhas de financiamento em moeda estrangeira com recompra, hoje não atuará, pois se o fizesse poderia estar interferindo no momento inoportuno, porém agiu corretamente ao anunciar que rolará a posição de US$ 10,4 Bi de contratos de swaps cambiais vincenda em janeiro próximo, desta forma eliminando a incerteza sobre o assunto e evitando que houvesse alguma influência do “efeito compra”, caso o mercado convivesse com a dúvida se iria assim proceder ou não. Com o anúncio o impacto no mercado futuro será “neutro”.
No nosso entendimento, a autoridade monetária deverá retomar a oferta de linhas de financiamento em moeda estrangeira com recompra ao longo da próxima semana, afinal há transparência que os bancos ainda poderão tomar minimamente US$ 5,0 Bi, ou mais se nesta semana, como se propagou, tenha ocorrido fluxo negativo.
O mês de dezembro, sabidamente curto, tende a acentuar o volume de negócios até a 2ª semana, portanto será importante que o mercado a vista esteja bem líquido.
Internamente persiste como fator de peso determinante de prêmio na formação do preço do dólar a indefinição sobre a crise fiscal e, agora, também as dificuldades para aprovação da cessão onerosa.
Pelo comportamento do preço do dólar inflado desde o dia 26 quando subiu pontualmente 2,5% e se sustentando acima de R$ 3,80 ao longo da semana a despeito da intervenção do BC ofertando linhas de financiamento em moeda estrangeira com recompra, torna-se cada vez mais evidente que houve um surto especulativo por parte dos “comprados” no mercado futuro e não tão relevante volume de demanda no mercado à vista.
Quarta feira, dia 5, será possível desvendar esta dúvida com a divulgação pelo BC do fluxo cambial.
Hoje foi anunciado o PIB brasileiro do 3º trimestre que ficou em 0,8%. No ano acumula 1,1% e nos últimos 4 trimestres atinge 1,4%.
O movimento havido e ainda mantido não nos sugere ser passível de sustentabilidade, razão pela qual mantemos a nossa projeção de fechamento do ano entre R$ 3,70 a R$ 3,75.
No mercado global as atenções estão focadas no início da reunião dos países do G20 e há muita expectativa para uma eventual evolução das questões comerciais entre China e Estados Unidos. As bolsas em especial repercutem este fato e há precauções.
O FED praticamente confirmou nova alta da taxa de juro americana em dezembro, mas o Presidente Powell demonstrou o entendimento de que a taxa estaria muito próxima das estimativas para a taxa neutra. Obviamente o FED continuará observando os dados econômicos e as perspectivas, mas a manifestação havida foi bem recebida pelo mercado.
O índice dólar frente a cesta de moedas está em 96,912 com 0,22% de alta.
Enfim, deve haver volatilidade, mas não haverá sinalização de tendências, pois hoje é um dia atípico.
Sidnei Moura Nehme
Economista e Diretor Executivo da NGO