Economia global em alerta, mas foco do Brasil é fundamentalmente o próprio Brasil!

Há uma forte ebulição nas relações internacionais envolvendo o comércio entre economias importantes e, no próprio ambiente interno destas economias.

O Presidente americano Trump confronta, mais uma vez, o FED americano, ao mesmo tempo em que dá sequência às negociações com a China, e dá início a sinalização com algumas retaliações a União Europeia. Há problemas com o Brexit e a União Europeia, e, também, pontualmente com algumas economias integrantes da União Europeia, e por aí segue, até os problemas com produção de petróleo mais recentes envolvendo a Líbia, enfim, o “conjunto da obra” leva o FMI a reduzir suas estimativas de crescimento da economia mundial de 3,6% para 3,3% neste ano e 3,6% em 2020.

Mas, no momento, este ambiente tenso tem impacto relativo no Brasil que, pontualmente, se defronta com os seus problemas relevantes internos, e que se não superados poderão manter o país sem condições de articular sua recuperação fiscal, ainda que parcial, que ensejará a retomada da atividade econômica, colocando o país na rota do desenvolvimento.

O contexto global é observado à margem do foco principal no qual o Brasil concentra os esforços de governo.

Há um quase consenso, eventualmente com a oposição ideológica “barulhenta” causando ruídos maiores do que sua importância e oposição corporativista, mas não há dúvidas de que o país conquistará uma Reforma da Previdência, não se sabendo ainda quanto precisará ceder, mas já é possível vislumbrar em perspectiva a Reforma Tributária, passo seguinte para estimular a atividade econômica com contundência.

A tramitação da Reforma da Previdência para aprovação na CCJ era tida como certa antecipadamente, sendo previsível a “gritaria” dos mesmos, mas sem capacidade de mudar a aprovação, mas mesmo assim, o mercado financeiro que neste momento deveria ter um comportamento linear mantendo-se em estado de observação, “constrói” medos e incertezas para detonar movimentos voláteis em intensidade absolutamente incompatíveis.

O fato é que a tramitação da Reforma da Previdência ganha ímpeto e o governo melhora sensivelmente sua capacidade de articulação, mas há um movimento que investe no desgaste do governo ao atingir os seus 100 primeiros dias, mas é preciso sensatez para entender, que a despeito dos erros iniciais, o Governo começou pela proposição de matéria altamente desgastante perante grande parte da população, uns com razão e uma grande maioria por indução nem sempre verdadeira dos opositores.

Mas o fato é que agora, após retardamento, parece que o tratamento da Reforma ganhará celeridade e isto deve provocar o restabelecimento do viés de otimismo no mercado financeiro.

Este fato deverá reconduzir os parâmetros dos vários segmentos a normalidade compatível com o momento.

A BOVESPA deverá recuperar o movimento de alta, porém sem exacerbações, não sendo razoável imaginar o índice de forma sustentável acima de 100 mil pontos, pois isto poderá ocorrer na medida em que for e se for se viabilizando de forma favorável a aprovação da Reforma, o que poderá promover o estímulo ao ingresso de investidores estrangeiros face à perspectiva de que a economia poderá retomar nível estimulante de atividade.

O dólar, que consideramos ativo inadequado para especulação face à situação confortável do país em suas contas externas, deve tender a redirecionar gradualmente seu preço para o ponto de equilíbrio que o momento sugere algo em torno de R$ 3,75, esvaziando os movimentos especulativos ocorridos a partir do mercado futuro do dólar, visto que não houve fuga de capitais do país.

Acreditamos que enquanto se desenvolver a tramitação da Reforma da Previdência até que se consiga vislumbrar a efetiva tendência da sua abrangência e resultados, o mercado deveria manter comportamento próximo de inelasticidade de seus índices e preços.

Evidentemente não haverá como evitar os ruídos corporativos e ideológicos no entorno da tramitação, mas é imperativo que haja sensatez para discernir que o tamanho dos mesmos é bem maior do que a capacidade mutante dos seus autores na Reforma da Previdência.

O mercado financeiro fica inquieto quando tudo sugere que deva andar de lado, por isso é preciso atenção, pois sempre haverá superlativação de fatos para gerar e estimular volatilidade.


Sidnei Moura Nehme
Economista e Diretor Executivo da NGO

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