Esta é a visão imediata do que ocorre nos segmentos dólar e Bolsa do mercado financeiro brasileiro e consequência positiva na B3, porém à margem existem muitos riscos presentes que precisam ser acompanhados com acuidade.
Focando o preço “barato” em dólares das ações brasileiras a alta do dólar torna atraente a continuidade de interesse externo nas ações cíclicas da Bovespa, mas isto, como já tivemos oportunidade de discorrer anteriormente, “tem prazo de validade”, visto que se houver outra vez a intensificação do fluxo externo deprimindo o preço do dólar e a alta do preço das ações for consistente acaba por ser equacionado o preço justo e eliminado o fator de atração.
Ao mesmo tempo e principalmente, é preciso atentar que o dólar está tendente a retomar o posto de “segurança” dos recursos globais e voltar o represamento da enorme liquidez presente no mercado internacional, pois à parte dos estímulos de governo nos Estados Unidos, aumento de vendas no varejo comemoradas, mas que pode ser pontual de reposição pelas famílias, se for confirmado o risco presente da segunda onda da pandemia do coronavírus também nos Estados Unidos e na China este fato, será impactante desastroso.
Segundo a imprensa internacional, o Texas informou que as hospitalizações por Covid-19 aumentaram 8,3%, para 2.518 pessoas, o maior número visto pelo estado desde o início da pandemia, enquanto a Flórida, pela segunda vez nesta semana, estabeleceu um recorde diário para novas infecções.
Enquanto isso, em Pequim, os bloqueios foram estendidos para mais 18 comunidades residenciais, após um novo surto ‘extremamente grave’ do vírus, segundo relatos locais.
“A situação epidêmica na capital é extremamente grave”, disse o porta-voz da cidade de Pequim, Xu Hejian, em entrevista coletiva. “No momento, precisamos tomar medidas rígidas para impedir a disseminação da Covid-19”.
O aumento de nova rodada de disseminação da pandemia ou mesmo sinais pode potencialmente provocar uma retração nos ativos de risco, o que resultaria em aumento da demanda do dólar.
O sentimento mais expressado por especialistas internacionais é “Ainda existem riscos à frente, que têm o potencial de devolver o papel do dólar como um porto-seguro”.
Então, é absolutamente necessário que haja sensatez e rigorosa observância dos fatos, bons e ruins, e neutralizar excessos otimistas para não haver decepções profundas, pois a atratividade das ações brasileiras pode ser dizimada se o mercado global reassumir postura defensiva.
O Brasil neste momento só tem como atratividade o oportunismo do preço dólar das ações cíclicas, nada mais, nada a ver com a sua economia e perspectivas, pois o país está seriamente afetado pela crise da pandemia do coronavírus e nem bem sabe como será a saída deste imbróglio.
Nosso ponto de vista é que o dólar tende a sustentar o preço elevado, que será intensificado com o corte da taxa SELIC pelo COPOM.
Sidnei Moura Nehme
Economista e Diretor Executivo da NGO