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Desalento e perspectivas de crescimento cada vez menor!

O contexto prospectivo sugerindo que o país terá um 2º semestre sem expectativas de mudanças no fraco desempenho da atividade econômica, com perspectivas consequentes de crescimento cada vez menor, tende a provocar um preocupante “status quo” desalentador que pode fortalecer ainda mais as já baixíssimas projeções de crescimento do PIB, afetando fortemente os resultados da arrecadação federal, podendo assim comprometer seriamente o objetivado superávit primário, já em linha de descrença quanto a possibilidade de ser consumado.

E, ao que tudo sugere as agências de “rating” já estão colocando o Brasil sob os seus holofotes, tendo a Moody´s destacado que este ambiente é desfavorável à nota de crédito brasileira.

Da mesma forma esta situação não foge à percepção dos investidores com recursos alocados no país e aos pretensos que poderiam vir, e, certamente fomentam, cada vez mais, baixa atratividade por inversões no país, induzindo, isto sim, movimento reversivo de recursos, em especial especulativos, que adentraram o país no 1º semestre.

Temos salientado continuamente que o 2º semestre deverá ser marcado pela queda expressiva de fluxos cambiais líquidos, o que determinará pressão de apreciação do preço da moeda americana a partir do mercado de câmbio à vista, com a perda relativa de poder de contenção do preço das intervenções do BC com os instrumentos financeiros “swaps cambiais” no mercado futuro. A demanda tende a ser mais intensa no mercado à vista com efetivas saídas de recursos do país e menor na procura de proteção de passivos em moeda estrangeira que é proporcionada pelos “swaps cambiais”.

Incertezas no campo econômico já avançando para o ano de 2015 e no campo eleitoral tendem a provocar a estagnação nas decisões dos empresários focando investimentos em seus negócios, fazendo-os mais conservadores e previdentes, enquanto que por outro lado provocam retração nos investimentos externos direcionados para a conta capital. Na contramão incertezas provocam reversão dos fluxos cambiais havidos no 1º semestre, principalmente os de caráter especulativo, que exercerá pressão de apreciação na formação do preço da moeda americana.

Também devem ser reduzidos os volumes de captações externas por empresas brasileiras, intensificados no 1º semestre pela antecipação decorrente do fato deste ano ser eleitoral.

A balança comercial, sobre a qual as expectativas sobre contribuição para melhoria do fluxo são bastante limitadas, voltou a apresentar bom resultado na 1ª semana de julho, mas o resultado está longe de ser tendência.

O superávit de US$ 1,289 Bi foi consequente ainda das exportações agrícolas, que a partir do final deste mês tendem ao decréscimo, e a expressiva queda de 25,4% das importações nesta 1ª semana de julho, consequência da forte queda que vem sendo observada da atividade econômica. Expressivo resultado, porém precisa ser visto como pontual e não como tendência.

O Boletim FOCUS divulgado ontem com data de 4 de julho confirmou a percepção do mercado financeiro de que o crescimento do PIB é cada vez menos promissor, tendo reduzido a projeção de 1,10% para 1,07%, ao que tudo em célere dinâmica para logo situar-se abaixo de 1%, mantendo contudo inalterada a projeção para o preço do dólar ao final do ano em R$ 2,40, o que já nos parece conservadora, principalmente se houve sinais de melhora consistente da economia americana que possam sugerir mudança de postura do FED sobre a política monetária americana.

Para a inflação pelo IPCA ao final do ano foi mantida a projeção de 6,46%, muito mais consequente da brusca queda da demanda de bens duráveis, já algum receio sobre o emprego, excesso de endividamento e da própria inflação que corrói a renda num momento em que os reajustes salariais já estão mais contidos e mais em linha com a produtividade.

Na realidade, o preço da moeda americana é o único relevante fator presente na economia de forma desalinhada com a realidade, pois o BC até então conseguiu administrar seu preço pró-controle inflacionário, mas a partir do mercado futuro que demandava proteção de preço, e agora o que se espera é pressão sobre o mercado à vista, demandando moeda efetiva que pode revelar-se mais difícil de controle por parte da autoridade monetária, ainda mais quando não se tem clareza sobre quem será o gerador da liquidez.

Os bancos com posições vendidas lastreadas com linhas de financiamentos fornecidas pelo BC com uso das reservas cambiais na forma de empréstimos? Ou, o BC vendendo diretamente ao mercado divisas das reservas cambiais reduzindo de forma efetiva as reservas cambiais?

Importante lembrar que o volume de fluxo cambial insuficiente para o Brasil aponta US$ 15,0 Bi, que já estão sendo suportados pelas posições vendidas mantidas pelos bancos, e que representam algo em torno de 4% das reservas cambiais brasileiras.

Não há fatores que possam tirar a visão em perspectiva de apreciação do dólar, que deve ocorrer gradualmente para não ser impactante e abrupta, por isso não deve ser represada pelo BC até onde possível pois não seria o recomendável.

 

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