Câmbio: Volatilidade se intensifica! Especulação?

O confronto entre a tendência de alta e a ação do BC reprimindo-a, agora agregando um fator a mais decorrente de pesquisas eleitorais que impactam de forma irracional na formação do preço americana resulta em comportamento extremamente volátil do mercado de câmbio.

A ação do BC tende a ir gradativamente perdendo eficácia e passando a possibilitar que especuladores construam posições estratégicas que serão básicas quando ocorrer a oportunidade de deflagrarem movimento especulativo contra o real. O excesso de contratos de swaps cambiais no mercado acabará por conduzir este instrumento a perda de sensibilizar a formação do preço da moeda americana.

As eleições e suas tendências não permitem se considerar possível o teor dos discursos abrangendo o tema câmbio serem considerados, neste momento, puramente como anseios. Mudanças neste campo somente serão possíveis, dependendo a convergência de inúmeros fatores, em não menos do que 1 ano a 1 ano e meio.

Há no presente, isto sim, desafios a serem ultrapassados pelo mercado de câmbio, que certamente pressionarão o preço da moeda americana e o conduzirão a níveis substantivamente superiores aos atuais.

Mas a resultante de fatores antagônicos influenciando o comportamento do preço da moeda americana é a volatilidade, pior cenário para quem realiza transações ativas ou passivas com o exterior.

Na nossa visão setembro será um mês com bastante turbulência em torno da formação do preço da moeda americana, com aumento das saídas de recursos estrangeiros do país e recuo dos ingressos, principalmente dos IED´s face postura prudencial dos investidores estrangeiros, que certamente esperarão os resultados eleitorais, novos alinhamentos propositivos para o país retomar o crescimento, reduzir a inflação, etc.

O fluxo cambial líquido para o Brasil continua muito aquém das necessidades e acreditamos que deva se tornar negativo a partir de setembro.

O BC divulgou hoje a posição dos fluxos até o dia 22 último. Um avanço positivo discreto na semana 18-22 de US$ 715,0 M e no mês totalizando US$ 1,215 Bi (comercial negativo US$ 1,027 Bi e financeiro positivo US$ 2,242 Bi). No ano positivo US$ 3,570 Bi (comercial positivo US$ 3,480 Bi e financeiro positivo US$ 90,0 M). Os bancos acumulam posição vendida de US$ 14,4 Bi, montante da liquidez que vem gerando para o mercado de câmbio à vista.

Por um brevíssimo período entre agosto/setembro deveremos ter este comportamento volátil em torno do preço da moeda americana, com sinais de intensificação de posições especulativas, para depois fortalecer-se a tendência de alta do preço de forma mais consistente.

O BC deverá continuar praticando “mais do mesmo” com as intervenções com oferta de swaps cambiais e os bancos aumentando suas posições vendidas para sustentar a liquidez do mercado à vista.

Os volumes da intervenção preocupam pois foram exacerbados muito antes das pressões maiores que poderão ocorrer e a expressividade do montante pode transformar “o que foi remédio em veneno” pois pode motivar movimentos especulativos.

Por outro lado, os bancos podem exaurir a capacidade técnica de assunção de endividamento de curto prazo para lastrear a expansão de suas posições vendidas, sendo, então, o BC levado a ter que ser o gerador da liquidez do mercado à vista utilizando as reservas cambiais.

O cenário prospectivo para o mercado de câmbio aponta que há tendência de intensificação da demanda exercendo pressão sobre o preço e, também, riscos de ocorrer algum movimento especulativo dada a fragilidade do real, que está requerendo da autoridade monetária expressivo volume de oferta de instrumentos financeiros denominados swaps cambiais para garantir seu preço às empresas detentoras de passivos em moeda estrangeira.

Então, devemos ter fortalecimento da volatilidade e especulação focando formação de posições oportunistas e estratégicas focando alta no curtíssimo prazo no mercado futuro, num contexto totalmente afastado dos fundamentos.

 

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