Análise do Mercado – 12/11/2012

Uma semana curta, devido ao feriado de quinta-feira, que será sucedida por outra, também curta, consequente do feriado na terça, sugere que no mercado brasileiro prevaleça a cautela, pois a economia global continua com predominantes incertezas e quase nenhuma perspectiva de solução no curto/médio prazo, o que a deixa à mercê de movimentos mutantes contínuos.

 

 

O fato foi significativo para deixar evidente que há, como temos destacado, pressões fundamentadas no mercado de câmbio à vista que podem promover a mudança da banda cambial administrada para R$ 2,05 a R$ 2,10, contrariando a tese de que o BC é que estava sustentando o preço para que não retrocedesse a abaixo de R$ 2,00.

A pressão está repercutindo a queda de liquidez no mercado à vista, onde os bancos estavam, conforme informe do BC, “vendidos” no total de US$ 3,6 Bi no dia 1º de novembro e que tudo indica deve ter sido ampliada, e, para este quadro somente com o BC irrigando a oferta de liquidez no mercado à vista através leilões de venda para atenuar a propensão a alta do preço, ou seja, vendendo efetivamente divisas.

Portanto, não era e não é razoável esperar intervenção do BC com os tradicionais “swaps cambiais” e “swaps cambiais reversos” que são instrumentos de liquidez, mas no mercado de derivativos/futuros, razão pela qual não há surpresa pelo fato do BC não ter usado a sua contumaz “terapia”, pois desta vez o problema sugere outro procedimento direto no mercado à vista e com oferta de divisas efetivas.

Não nos parece que a mudança do intervalo da banda para R$ 2,05 a R$ 2,10 seja de desagrado do governo, pois há motivos técnicos impondo isto, na ponta isto estaria estimulando mais um pouco a indústria nacional.

Deixando acontecer neste cenário ficaria menos sujeito a criticas dos analistas que logo apontariam as pressões inflacionárias, etc., etc. Contudo, a falta de liquidez no mercado à vista se não for suprida, dada as limitações presentes das posições vendidas dos bancos e caso estas venham a ser atingidas, pode provocar problemas operacionais do próprio mercado, o que impõe que se acentue o monitoramento por parte do BC.

A pressão notoriamente não veio do mercado de derivativos/futuro, visto que observando-se as posições liquidas dos principais “players” no dia 1º e no dia 9 não ocorreram mudanças relevantes nas exposições em dólar futuro e cupom cambial. Bancos estavam “vendidos” em US$ 6,41 Bi dia 1º e US$ 7,53 Bi em 9; institucionais nacionais estavam “comprados” em US$ 11,42 Bi dia 1º e US$ 11,53 Bi em 9; e, fundos estrangeiros estavam “vendidos” em US$ 6,25 Bi em 1º e US$ 4,80 Bi em 9. A rigor os bancos elevaram suas posições vendidas em US$ 1,1 Bi e os fundos estrangeiros reduziram suas posições vendidas em US$ 1,4 Bi.

As nossas perspectivas para o fluxo cambial continuam indicando que a tendência é de negativo e, desta forma não devemos descartar a possibilidade do preço da moeda americana voltar a superar os R$ 2,05, até para doravante ficar já numa nova banda, pois o contexto de semanas curtas se mostra bastante propicio a esta ocorrência.

O Boletim FOCUS datado de 9 e divulgado hoje pelo BC contendo as projeções medianas do mercado financeiro, não trazem novidades acerca de 2012, já que não consideramos as de 2013 dado o longo período e alto grau de incertezas predominantes na economia global. IPCA em 5,46%; SELIC em 7,25%; DLSP em 35,20%; Déficit CC US$ 55,0 Bi; BC em US$ 18,90 Bi e IED´s em US$ 60,0 Bi parecem adequados. Contudo, o dólar a R$ 2,02 no nosso entendimento precisará ser revisto para valor maior; PIB a 1,54% provavelmente será revisto para baixo; e, a produção industrial mais uma vez tem intensificada a sua retração de – 2,31% para – 2,32%, o que reforça nossas abordagens sugerindo que o governo precisa agir pró-ativamente aumentando o estimulo a este segmento e, o mais imediato seria mudar a banda para, minimamente, R$ 2,05 a R$ 2,10.

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