Na posse como diretores do BC, todos os quatro novos dirigentes foram unanimes em defender intervenções pontuais no mercado de moeda estrangeira para corrigir “fortes distorções” e “excesso de volatilidade”, ao mesmo tempo em que o diretor que cuidará da execução da política cambial, Reinaldo Le Grazie, disse que o “Brasil não deve ter livre flutuação total, limpa”.
Um grande alento e alívio quando a impressão que vinha deixando o BC é de uma certa letargia perante o quadro que impunha forte apreciação ao real, absolutamente uma notória distorção se considerarmos que a crise econômica continua altamente negativa e inerte face a inexistência de ações efetivas do governo e mais, sem achar uma saída crível e viável para a crise fiscal, que não passe de discurso eivado de “esperanças”.
Como temos repetidamente dito, o Brasil tem problemas sérios internos que devem influenciar diretamente na formação do preço da moeda americana, e todos sabem que não impactam apreciando o real, muito pelo contrário.
Agindo tardiamente e com doses absolutamente homeopáticas de ofertas de swaps cambiais reversos insinuou o que denominaram como intervenção do BC no mercado, que consideramos bem distante desta adjetivação.
Mas o mundo global está em ebulição e rico em duvidas e incertezas no entorno das consequências ainda não bem conhecidas com a saída do Reino Unido da União Europeia.
A inercia do BC ante a depreciação do dólar, que convenhamos lhe beneficia no controle da inflação e na arrecadação fiscal, provocou uma repercussão fortemente negativa na atividade do setor industrial produtivo, que acusou os efeitos do fato, recuou suas vendas e faturamento e colocou suas entidades de classe na mídia.
Agora contumazes analistas colocam que o BC é técnico, etc, etc….. omitindo-se de dizer objetivamente que a autoridade monetária errou e ainda erra pela baixa intensidade de ofertas de swaps cambiais reversos, que não pode ser cognominada de intervenção.
Mas o mercado global vai acabando por colocar as coisas por aqui no devido lugar, e, o BC deverá aumentar as suas ofertas de swaps cambiais reversos, procurando reduzir o saldo de US$ 60 bi de swaps cambiais que ainda mantém no mercado.
Há demanda para muito mais, e o preço da moeda americana precisa estar melhor alinhada com a realidade do país para que contribua para a retomada da atividade econômica no setor industrial.
Por isso, as declarações dos novos diretores surgem como um grande alento, a autoridade monetária deverá agir, acredita-se, recompondo o preço da moeda estrangeira à sua realidade, com grande foco sob a situação interna do Brasil.
O fluxo cambial (caixa das entradas e saídas) divulgado pelo BC com data de apuração até 1º deste mês aponta que o saldo persiste negativo e crescente e se situa em US$ 10,841 Bi, sendo que saíram liquidamente recursos financeiros do país este ano US$ 36,465 Bi e entraram liquidamente recursos comerciais de US$ 25,624 Bi.
Destaque-se que os saldos de exportações a terem o câmbio contratado como recebimentos é praticamente equivalentes ao saldo de importações a terem o câmbio contratado como pagamentos.
As reservas cambiais brasileiras, pelo conceito de liquidez internacional, estão em US$ 377,2 Bi, mas os bancos autorizados a operar em câmbio estão com posições vendidas (a descoberto) de US$ 31,0 Bi, o que deixa evidente a carência de fluxos positivos líquidos para o país.
É preciso, portanto, foco no preço da moeda estrangeira, o dólar, pois pode recuperar bem o seu preço tendendo aproximar-se efetivamente de sua realidade, porque ao que tudo indica o BC alterará sua postura e há fatos no exterior que devem impactar negativamente nos fluxos para os emergentes.