Temos salientado quase que cotidianamente que entendemos que o ponto de equilíbrio do preço da moeda americana está em R$ 3,80, e acreditamos que gradativamente nos próximos dias será reconduzido a este patamar.
Não se trata de um fato novo, tem sido nossa projeção já algum tempo, e consideramos que este preço precifica todos os vetores de impacto de origem interna e externa.
Diferentemente de uma grande maioria, não vemos ambiente de volatilidade no câmbio, até porque o BC tem mecanismos operacionais, também já ressaltados em nossos comentários, que permitem neutralizar movimentos legítimos de pressão ofertando liquidez para demanda de proteção, com swaps cambiais, assim como para demanda no mercado a vista, com a oferta de linhas de financiamento em moeda estrangeira com recompra.
O ambiente eleitoral deverá concentrar o foco maior dos agentes do mercado financeiro, mas a visão prospectiva, pelo menos por enquanto, não suscita convicções fortes, mas ainda muitas dúvidas e incertezas, já computadas no preço da moeda americana no entorno de R$ 3,80.
Movimentos “de desconforto” por parte de comprados e/ou vendidos incomodados por suas apostas exacerbadas de queda ou de alta poderão ocorrer, mas haverá sempre a tendência a convergência à taxa de equilíbrio para o momento, qual seja R$ 3,80.
Tudo o mais está ponderado no preço, situação econômica fragilizada, desemprego, queda de renda e consumo, e naturalmente suas repercussões em cadeia, colocando em observação o comportamento da inflação que tem sido atribuída ao fato pontual da greve dos caminhoneiros, mas pode se revelar como algo que estava represada e se intensificar.
Evidências mais consistentes e tendências do comportamento da inflação é que fortalecerão ou não a perspectiva de que a SELIC seja mantida em 6,50%, o que deve ser outra vez ratificada na reunião do COPOM que se finda hoje.
Por outro lado, os BC´s das maiores potenciais estão realizando suas reuniões, como o FED hoje, e definindo suas linhas.
Há muita expectativa sobre eventuais impactos das medidas advindas da intempestividade do Presidente Trump na chamada “guerra comercial” na economia americana e nas diretrizes da política monetária por parte do FED.
Entendemos que todos estes intensos “ruídos” em torno da guerra comercial demandará um tempo razoável para assentamento e daí a aferição efetiva dos danos e benefícios. Então, poderá haver muitos arroubos, mas nada terá causa/efeito imediato.
Na nossa visão teremos um trimestre de volumes operacionais muito contidos no mercado financeiro, por precaução que nos parece será fundamental nesta fase.
Deve ocorrer uma posição absolutamente contida do setor produtivo no que tange a investimentos, e isto naturalmente impactará negativamente nas perspectivas de melhora do emprego, renda e consumo.
Acreditamos que a Bovespa possa ter um movimento de realizações de lucros e intensificação de saída de recursos do país, face às incertezas em torno da sucessão presidencial que acabam sendo considerado riscos.
No mais, algo como um hiato na dinâmica da atividade econômica, com o dólar no entorno de R$ 3,80, tendo em vista o que temos afirmado, o Brasil está em crise na sua economia, mas não tem risco de ter crise cambial.
Sidnei Moura Nehme
Economista e Diretor Executivo da NGO