Faltam dólares no nosso fluxo cambial para dar suporte às saídas de capitais que deixam o país e isto, não se resolve com “swap cambial” que garante preço futuro, mas não tem poder liberalizante como fator de pagamento no mercado à vista, por não ser moeda.
Frequentemente se houve que a autoridade monetária interviu no mercado de câmbio tendo colocado enormes cifras em dólares, e assim fica o entendimento confuso de que foi moeda efetiva, quando na realidade foi “swap cambial”.
A fase mais aguda de demanda por “swap cambial” ocorreu em agosto/setembro quando o país teve os primeiros “solavancos” no câmbio e com este instrumento financeiro indexado a variação cambial versus juros mitigou as pressões por proteção de preço para os posicionamentos expostos à variação cambial, detidos por empresas nos seus compromissos e demais por suas operações no mercado de derivativos.
E já havendo num certo momento a contaminação daquela demanda por movimento especulativo oportuno apostando contra o real, o BC interviu com um programa de oferta mínima de “swaps cambiais” no mercado futuro e linhas de financiamentos em moeda americana para dar suporte às posições “vendidas” dos bancos no mercado à vista, e com isto expurgou o fator especulativo.
Tendo ido um pouco além da necessidade de “hedge” excedeu na oferta de “swap cambial” no mercado de derivativos, que com a demanda atenuada ficou “oferecido” e com isto provocou a taxa declinante que acabava por afetar a taxa cambial do mercado à vista, que atravessava momento calmo. Valeu-se deste contexto para manter o real apreciado e conquistar algum beneficio na contenção da inflação, que havia sido contaminada quando da alta excessiva de agosto.
Como o volume de oferta de “swaps cambiais” foi excessivo e a queda da taxa do dólar impactou sobre o contra valor do estoque de reservas cambiais em setembro, afetando o desempenho já ruim da politica fiscal, o BC resolveu rolar com avisos reticentes somente dois terços dos US$ 8,87 Bi vincendos em 1º de novembro e assim não rolando US$ 2,9 Bi provocou um ajuste de alta no preço do dólar, que certamente ajudará num melhor resultado da politica fiscal em outubro.
Ocorre que este movimento despertou atenção dos investidores estrangeiros e com a curva do preço do dólar posta ascendente e o péssimo resultado fiscal de setembro divulgado pelo governo, foi precipitado o inicio da saída antecipada de recursos aplicados no país que, em tese, deveria ocorrer a partir da decisão do FED de iniciar a redução do seu programa de incentivo monetário.
Desta forma, o inicio de saída intensificou-se e em somente os 4 últimos dias do mês de outubro saíram do pais recursos de natureza financeira líquidos US$ 2,2 Bi, movimento que sinaliza continuação no mês de novembro, estimulado pelas preocupações tornadas publicas pelo governo em torno do resultado fiscal e a necessidade de inúmeros cortes em concessões as mais diversas concedidas visando a incrementar a atividade econômica, com baixo resultado, e, em decorrência deste conjunto de fatos ocorreu, adicionalmente, o surgimento da preocupação de perda do grau de investimento por parte do país.
O ambiente, com fundamentos, passou a fomentar a saída dos recursos do país, seja pelo FED, seja pelo risco de perda do grau de investimento, seja pela tendência de alta do dólar pela inviabilidade do governo de manter o real apreciado, etc…
Agora a cena é um pouco diferente, a demanda é por moeda efetiva para saída de recursos do país.
Isto quer dizer que o preço fica pressionado no mercado à vista que precisa de moeda efetiva e, contraditoriamente, se a demanda por “hedge” ainda que já não seja tão intensa para proteção das exposições em moeda americana por terem sido protegidas anteriormente, as compras no mercado de derivativos/futuro podem sofrer estimulo para especular, pois o viés de que a alta continue tem fundamentos.
Nestas circunstâncias a formação do preço seria potencializada a partir do mercado à vista, e não como costumeiramente do mercado futuro.
Agora o mercado está precisando de dólares efetivos. Os bancos já estão suportando mais de US$ 12,0 Bi do montante faltante na liquidez que o mercado não consegue gerar pelos fluxos normais.
A questão que fica é até onde irão as posições “vendidas” dos bancos, ancoradas em linhas de financiamentos concedidas pelo BC, claramente evidenciando a insuficiência de fluxo de recursos para o país, e, em que ponto o BC se sentirá obrigado a vender dólares das reservas cambiais do país para “zerar” esta questão.