“Certezas e Precificações Inconvictas, Perspectivas Duvidosas.” foi a titulação que demos ao nosso post da semana passada, onde expusemos nosso ponto de vista quanto à inconsistência dos preços dos ativos no mercado financeiro, bem como a postura generalizada ante a perspectiva de curto prazo da mudança do atual governo, que já é sabida ocorrerá de forma conturbada.
Preocupa-nos esta euforia a partir do campo político, já que não há o que festejar no campo econômico e suas perspectivas mais imediatas, muito pelo contrário, que parece estar sendo visto de forma substimada e menos importante.
Há no país uma expressiva crise econômica, tendo ao centro como motivo maior, uma crise fiscal de dificílima reversão no curto/médio prazo, que aponta para uma situação em que o governo arrecada 36% dos resultados da economia e avança mais 10% como déficit fiscal, o que torna praticamente impossível qualquer aumento de tributação impondo, isto sim, cortes substantivos nos dispêndios, tendo na essência gastos de má qualidade e não cortando os gastos nos investimentos como tem sido realizado ultimamente.
Ninguém em sã consciência pode imaginar que o novo governo reúna condições imediatas para reverter a realidade deteriorada da economia, embora possa ilusoriamente fomentar melhores perspectivas, visto estar cercado por políticos que desejam a manutenção de todos os benefícios, em especial dos trabalhadores, e que propagam soluções sem especificar como poderia ser realizado, considerando a absoluta impossibilidade de gravames tributários novos.
Será absolutamente necessária a depuração dos inúmeros erros de gestão, mas não se podem esperar resultados imediatos, sendo bastante plausível se admitir até mesmo uma piora do cenário interno da economia, com incremento do desemprego e perda de renda e consumo, no processo de ajustes inevitáveis.
Há organismos internacionais altamente credenciados que são muito céticos a respeito da situação do Brasil, vendo sinais de recuperação possíveis, a partir de nova gestão, em 2019, se tudo for feito corretamente.
Ademais, não se pode ter a ilusão de que o governo que suceder não conviverá com forte oposição perturbadora, política e popular, que exigirá grande capacidade de tolerância por parte do mesmo.
O governo novo se vier a assumir será fortemente contestado pelos opositores, colocando em duvida sua origem.
É ilusória também a ideia de que todas as medidas venham a contar com inabalável sustentação e apoio da então nova base de situação, já que interesses, políticos e econômicos serão atingidos e confrontados.
Tempos difíceis virão e impactará na sociedade brasileira, o Brasil precisará passar por forte revisão e isto causará ruídos desconfortáveis.
Os investidores estrangeiros poderão adotar um estado de observação e durante algum tempo devemos nos habituar que serão menos e mais sensatos. Não se deve apostar em grandes fluxos financeiros externos.
Por isso, concluímos que o mercado financeiro está sendo reprovado no seu teste de maturidade para um momento como o atual.
Falta sensatez evidentemente e isto poderá provocar grandes prejuízos para os incautos e até mesmo para os “espertos”.
O mercado de câmbio aponta preço para a moeda americana bastante descomprometida com a realidade, embora haja comentários e até intervenção investigativa de órgãos oficiais de existência de problemas pontuais oriundos de movimentos com características especulativas.
O BC deve intensificar a oferta de swaps reversos para funcionar como “salva vidas em mar revolto”, pois ao preço atual perdemos capacidade exportadora, embora se diga que impacta na margem, mas ainda não a inviabilize se sabe que a cada produto existe um preço de moeda estrangeira mais motivadora do que para outro.
A BOVESPA faz movimentos discrepantes e nada ou pouco tem para que seja atribuído ao mercado externo. Há muito artificialismo no momento.
É preciso acalmar os ânimos, fazer-se presente um choque de sensatez e equilíbrio frente a possibilidade de um governo novo, pois caso contrário a exacerbação atual poderá se tornar desapontamento imediato adiante.
Projeções do BOLETIM FOCUS, no nosso entender, são consideráveis no quesito IPCA onde a crise econômica impacta favoravelmente e na tendência de queda do PIB, sendo todos os demais absolutamente incertos.
Quanto maior a longevidade do preço da moeda americana depreciada, maior será o risco de retração das exportações e retomada das importações, como já estão fazendo os consumidores de insumos para o setor agrícola, colocando em risco as perspectivas favoráveis para balança comercial, embora consideremos a projeção de saldo positivo de US$ 48,0 Bi altamente exacerbada.
Quanto ao valor do US$ entendemos que, neste momento, o ponto de equilíbrio esteja em torno de R$ 4,00, enquanto a SELIC, neste momento pouco sensibilizadora das pressões de inflação, dependerá muito do comportamento da economia que pode aprofundar a queda do PIB e da Produção Industrial antes de reunir capacidade de recuperação, mas tudo leva a crer que efetivamente poderá ser reduzida. No que diz respeito aos IED´s é bastante provável que tenhamos retração em relação a projeção prevalecente e o déficit em transações correntes pode ficar acima da projeção negativa atual.
É tempo de observar, agir com equilíbrio e sensatez, e não com este euforismo excessivo atual, demonstrando maturidade com uma visão realista sobre o “status quo” atual e suas perspectivas.
Afinal, a mudança que se espera não virá somente da mudança de nomes, mas sim de atitudes compatíveis com a realidade e estas devem, se acertadas, muda as perspectivas para 2018/19, com grande influência sobre as novas eleições presidenciais.
É preciso pontificar que o possível novo governo receberá um espólio de problemas de difícil superação!