Termômetro Broadcast: Após dois meses de melhora, nota da economia volta a cair em fevereiro
A avaliação do desempenho do Ministério da Economia voltou a piorar em fevereiro, após ter melhorado em dezembro e em janeiro. Segundo o Termômetro Broadcast, a nota para a gestão em geral da pasta caiu de 5,1 em janeiro para 4,4 em fevereiro, mês marcado pela frustração em torno da PEC Emergencial e pela crise no comando da Petrobras. É a nota mais baixa desde abril de 2016, pouco antes do afastamento da presidente Dilma Rousseff, quando ficou em 2,9. As médias do Banco Central oscilaram marginalmente, com exceção da nota para a política cambial, que caiu de 5,8 para 5,2. A nota para a gestão em geral passou de 5,5 para 5,6. Participaram do Termômetro 17 instituições, que responderam ao questionário entre os dias 19 a 26 de fevereiro.
Termômetro Broadcast – Médias | ||
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Categorias | Janeiro | Fevereiro |
Nota Geral da Economia (AETFZ1)* | 5,1 | 4,4 |
Política Fiscal (AETFZ2) | 5,2 | 4,6 |
Comunicação (AETFZ3) | 4,7 | 4,3 |
Nota Geral do BC (AETBC1) | 5,5 | 5,6 |
Política Monetária (AETBC2) | 5,5 | 5,5 |
Política Cambial (AETBC3) | 5,8 | 5,2 |
Comunicação (AETBC4) | 5,3 | 5,2 |
Fonte: AE Dados |
Na Economia, a média para a política fiscal saiu de 5,2 para 4,6 e a nota da Comunicação, de 4,7 para 4,3. O mês começou com grande expectativa em torno do avanço das reformas e do ajuste fiscal em função do resultado das eleições para presidência da Câmara e do Senado. Como saíram vitoriosos da disputa os candidatos apoiados pelo presidente Jair Bolsonaro – deputado Arthur Lira (PP-AL) e senador Rodrigo Pacheco (MDB-MG) -, a percepção era de maior apoio do Executivo no Congresso para aprovar matérias de interesse da equipe econômica, porém complexas do ponto de vista político.
Com o agravamento da pandemia de Covid e atraso no cronograma de vacinação no Brasil, a votação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que destrava o auxílio emergencial tornou-se urgente, em meio ao aumento de restrições à circulação e ao funcionamento do comércio e serviços determinado por governadores, pressionados, por sua vez, pelo colapso em UTIs e recordes diários no número de contaminações. A euforia do mercado perdeu força rapidamente, dando lugar à cautela, na medida em que as divergências sobre o texto começaram a aparecer, e até o fim do mês não se tinha claro qual seria a contrapartida fiscal que bancaria o pagamento de quatro parcelas (março a junho) de R$ 250 mensais, prevista no texto do relator Márcio Bittar (MDB-AC).
A votação da PEC no Senado estava prevista para o dia 25, mas foi adiada para hoje, dada a pressão para que fosse fatiada de forma a priorizar a liberação do auxílio antes da aprovação das medidas fiscais necessárias para que não haja descumprimento da regra do teto de gastos. O texto, inclusive, passou a ser chamado nos bastidores de PEC do Auxílio Emergencial, e não mais de PEC Emergencial, justamente pela ausência de contrapartidas na proposta dos parlamentares.
Em meio a isso, houve uma crise no comando da Petrobras, após o presidente Bolsonaro indicar o general Joaquim Silva e Luna para a presidência da companhia no lugar de Roberto Castello Branco, amigo pessoal do ministro Paulo Guedes, que não se pronunciou publicamente sobre o episódio. Bolsonaro reclamou da política de preços da empresa, que até então já havia promovido quatro reajustes nos combustíveis no ano – na última segunda (1º) anunciou o quinto. O mercado interpretou a decisão como clara ingerência política na companhia, ainda que Bolsonaro negasse qualquer interferência. “O que eu quero da Petrobras e exijo é transparência e previsibilidade”, disse. Nos dois dias seguintes após a decisão de Bolsonaro, a empresa chegou a perder R$ 100 bilhões em valor de mercado.
Os aumentos promovidos pela Petrobras atendem à política de alinhamento aos preços do petróleo no mercado internacional, mas afetam de forma pesada os custos para caminhoneiros. Como forma de tentar aliviar a pressão da categoria, o presidente anunciou a isenção de tributos federais sobre o diesel por dois meses e indefinidamente para o gás de cozinha, a partir de 1/3. O governo não explicou como seria feita a compensação da renúncia tributária para atender à Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF). O presidente considerou a possibilidade de usar um novo estado de calamidade para suspender trecho da LRF que obriga a compensação.
Banco Central
A avaliação para a gestão do Banco Central em geral pouco se alterou, de 5,5 para 5,6. A nota da Política Monetária se manteve em 5,5 e a da Política Cambial ficou em 5,2, de 5,8 em janeiro. A média da Comunicação recuou de 5,3 para 5,2.
O BC obteve uma vitória no Congresso com a aprovação do projeto de autonomia da instituição, parado há anos no Legislativo, que define mandatos não coincidentes para o presidente e diretores da instituição e também não coincidentes com o do Presidente da República.
Por outro lado, a gestão da política monetária e cambial enfrentou desafios nas últimas semanas com a escalada do dólar e dos juros dos títulos do Tesouro norte-americano. A moeda fechou fevereiro em R$ 5,60, mesmo com o BC tendo despejado US$ 4 bilhões no sistema na semana passada, em dinheiro novo, em vários leilões de moeda à vista.
A disparada do dólar e dos preços das commodities tem levado a uma série de revisões em alta para IPCA e Selic nas últimas semanas, com muitos cenários já indicando inflação em 4% no fim de 2021. A meta central é de 3,75%. É dado como certo que o ciclo de aperto da Selic no Copom começa em março. O mercado abriu fevereiro dividido sobre se a primeira dose seria de 0,25 ponto porcentual ou 0,50 ponto e terminou o mês com apostas majoritárias de 0,50 ponto e minoritárias de 0,75 ponto.
Os Termômetros Broadcast são produzidos mensalmente pelos profissionais do AE Dados junto a bancos, corretoras, consultorias, gestoras de recursos, instituições de ensino, departamentos econômicos de empresas e outros com histórico de realização periódica de projeções de indicadores econômicos. A série histórica da pesquisa teve início em fevereiro de 2014.
A divulgação dos resultados é feita nos serviços em tempo real do Broadcast na quarta-feira mais próxima do dia 5 de cada mês. Em caso de feriado, a divulgação ocorre no primeiro dia útil subsequente.
São publicados apenas os resultados consolidados da pesquisa. As respostas individuais das instituições ficam em sigilo. A redação da Agência Estado não tem acesso às respostas individuais. O questionário, enviado por e-mail, deve ser respondido uma única vez por instituição, na última semana de cada mês.
Fonte: Agência Estado