Exclusivo: Hedge na compra de dólares dispara com proximidade das eleições 

“Afora este montante o BC tem US$ 67,0 bi colocados de swap cambiais. Demanda pode se acentuar mais caso as pesquisas pós exclusão de Lula e confirmação de Haddad com apoio de Lula coloquem o candidato do PT ombro a ombro com os líderes atuais.”

Num movimento atribuído à proximidade das eleições – cuja imprevisibilidade sugere um câmbio volátil até, pelo menos, outubro -, as contratações de hedge (proteção) nas compras de dólar voltaram a subir com força nos últimos dois meses. Segundo balanço feito ao Broadcast pela B3, a bolsa por onde passam essas operações, a compra de dólares em contratos a termo – instrumento bastante usado por empresas importadoras – teve um aumento de 31,8% entre junho e julho, comparativamente ao montante registrado nos mesmos meses de 2017.

Na prática, a operação permite às empresas “travar” a taxa de câmbio pela qual vão pagar fornecedores de produtos ou serviços importados. De acordo com Fabio Zenaro, diretor de Produtos Balcão, Commodities e Novos Negócios da B3, muitas empresas podem ter decidido antecipar hedge para evitar a exposição ao risco político.

“A busca por proteção tem a ver com o receio de que o dólar fique ainda mais caro e volátil na medida em que as eleições se aproximam”, comenta Zenaro.

Nos últimos dois meses, as empresas protegeram US$ 32,5 bilhões em contratos a termo de compra de dólar, sendo que o hedge de junho (US$ 17,7 bilhões) foi o maior em 13 meses.


Na outra ponta, a venda a termo de dólares, operação bastante feita por exportadores, acumula crescimento de 23,7% desde o início do ano, mas perdeu força a partir de junho, o que pode ser um sinal, na avaliação de Zenaro, de que as empresas estão menos propensas a travar um preço para um dólar que pode ficar mais caro nos próximos meses.

“Para o vendedor, as eleições podem ter um efeito contrário. É possível que as empresas estejam avaliando que é mais interessante esperar mais um pouco e fechar o câmbio a uma cotação mais alta”, comenta o diretor da B3.

As operações de hedge ficaram mais baratas com a redução do diferencial de juros dos Estados Unidos, em alta, e do Brasil, em queda. A volatilidade do câmbio é, contudo, o principal motivo por trás da procura por instrumentos de proteção cambial.

Desde, pelo menos, a crise que antecedeu o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), a bolsa não registrava uma demanda tão alta por operações a termo de câmbio. Em meio à convulsão política que atingiu o País no governo Dilma, as contratações de dólar a termo, entre compras e vendas, chegaram a bater em US$ 30 bilhões por mês, lembra Zenaro. Neste ano, a média mensal está em US$ 26 bilhões.


Fonte: Broadcast Agência Estado
Publicado: 09 de agosto 2018

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