Estatísticas do setor externo
No acumulado dos últimos 12 meses, o IDP atingiu US$ 49,2 bilhões, equivalentes a 3,06% do PIB. Em outubro, o ingresso líquido de IDP totalizou US$ 2,5 bilhões, ante US$ 4,6 bilhões em setembro e US$ 3,1 bilhões em outubro do ano anterior.
Balanço de pagamentos
As transações correntes do balanço de pagamentos foram deficitárias em US$4,5 bilhões em outubro de 2021, ante saldo negativo de US$1,2 bilhão em outubro de 2020. Na comparação interanual, o superávit comercial diminuiu US$2,4 bilhões, o déficit em renda primária aumentou US$1,3 bilhão, e o déficit em serviços recuou US$207 milhões. Nos doze meses encerrados em outubro de 2021, o déficit em transações correntes somou US$26,7 bilhões (1,66% do PIB), ante US$23,4 bilhões (1,47% do PIB) em setembro de 2021, e US$23,3 bilhões (1,54% do PIB) em outubro de 2020.
A balança comercial de bens foi superavitária em US$1,3 bilhão em outubro de 2021, ante saldo positivo de US$3,7 bilhões em outubro de 2020. As exportações de bens totalizaram US$22,8 bilhões, aumento de 27,8% ante outubro de 2020, e as importações de bens somaram US$21,5 bilhões, incremento de 52,0% na mesma base de comparação.
Em outubro de 2021 o déficit na conta de serviços somou US$1,5 bilhão, redução de 12,4% em relação a outubro de 2020. A conta de viagens internacionais registrou despesas líquidas de US$265 milhões, ante US$103 milhões em outubro de 2020. As despesas líquidas de aluguel de equipamentos somaram US$602 milhões, redução de 28,7% na comparação com outubro de 2020, influenciada pela nacionalização de equipamentos no âmbito do Repetro. As despesas líquidas de transporte totalizaram US$536 milhões, ante US$194 milhões em outubro de 2020, associadas à expansão da corrente de comércio exterior.
Em outubro de 2021, o déficit em renda primária totalizou US$4,6 bilhões, ampliação de 38,9% comparativamente aos US$3,3 bilhões observados em outubro de 2020. As despesas líquidas de lucros e dividendos, associadas aos investimentos direto e em carteira, totalizaram US$3,7 bilhões, aumento de 58,6% em relação a outubro de 2020. As despesas líquidas com juros somaram US$899 milhões, ante US$975 milhões registrados em outubro de 2020.
Os ingressos líquidos em investimentos diretos no país (IDP) somaram US$2,5 bilhões em outubro de 2021, ante US$3,1 bilhões em outubro de 2020. Os ingressos líquidos em participação no capital atingiram US$3,0 bilhões e as operações intercompanhia registraram saídas líquidas de US$547 milhões. Nos doze meses encerrados em outubro de 2021, o IDP totalizou US$49,2 bilhões (3,06% do PIB), ante US$49,9 bilhões (3,13% do PIB) no mês anterior e US$45,9 bilhões (3,05% do PIB) em outubro de 2020.
Os investimentos em carteira no mercado doméstico totalizaram ingressos líquidos de US$1,5 bilhão em outubro de 2021, compostos por US$655 milhões em ações e fundos de investimento e US$802 milhões em títulos de dívida. Os ingressos líquidos de investimentos em carteira no mercado doméstico totalizaram US$38,0 bilhões nos doze meses finalizados em outubro de 2021.
Reservas internacionais
As reservas internacionais somaram US$367,9 bilhões em outubro de 2021, redução de US$959 milhões em comparação a setembro de 2021. O resultado decorreu de vendas à vista, US$500 milhões, e contribuição negativa das variações de preços, US$1,3 bilhão. A contribuição positiva das variações por paridades somou US$504 milhões, e a receita de juros totalizou US$423 milhões.
Revisão ordinária anual das estatísticas do setor externo
A Política de Revisão das Estatísticas Econômicas Oficiais, publicada em outubro de 2019, estabelece revisão ordinária anual do balanço de pagamentos e da posição de investimento internacional (PII) nos meses de julho e novembro.
As fontes para a revisão das estatísticas do setor externo publicadas neste mês foram as seguintes:
1. Censo de Capitais Estrangeiros no País (Censo), ano-base 2020: fonte de dados definitiva, para 2020, para os lucros auferidos por empresas de investimento direto residentes no país, com impactos nas despesas de lucros, na renda primária e nas transações correntes, e nas transações de IDP, via lucros reinvestidos; e para a posição de IDP – Participação no capital, na PII;
2. Registro Declaratório Eletrônico – Investimento Estrangeiro Direto (RDE-IED): a Declaração Econômico-Financeira (DEF) é fonte de dados, para 2021, para os lucros auferidos por empresas de investimento direto residentes no país, com impactos nas despesas de lucros, na renda primária e nas transações correntes, e nas transações de IDP, via lucros reinvestidos;
3. Capitais Brasileiros no Exterior (CBE), referente ao primeiro e segundo trimestres de 2021: fonte de dados para:
– Movimentações em contas no exterior – receitas de exportação recebidas diretamente em conta no exterior, bem como o uso desses recursos, com impactos principalmente nas contas de crédito comercial ativo e passivo na conta financeira; serviços e renda primária nas transações correntes;
– Lucros auferidos por empresas de investimento direto não residentes, com impactos nas receitas de lucros, na renda primária e nas transações correntes, e no IDE, via lucros reinvestidos, na conta financeira; e
– Posição de ativos externos da PII.
4. Registro Declaratório Eletrônico – Registro de Operações Financeiras (RDE-ROF): o módulo de pagamentos no exterior é fonte de dados para:
– Registros declaratórios efetuados retroativamente, de amortizações em mercadoria de operações intercompanhia, com impactos em IDP, crédito comercial ativo e crédito comercial passivo na conta financeira; e
– Pagamentos de juros e de principal de passivos de dívida externa realizados via conta no exterior, com impactos nas despesas de juros nas transações correntes e no IDP e nos outros investimentos na conta financeira.
Balanço de pagamentos de 2020
Para 2020, a revisão das estatísticas do setor externo resultou em redução de US$1,4 bilhão do déficit em transações correntes, de US$25,9 bilhões (1,80% do PIB) para US$24,5 bilhões (1,70% do PIB). Essa revisão decorreu da variação na renda primária, cujo déficit foi revisto de US$39,7 bilhões para US$38,3 bilhões.
Na renda primária, a despesa total de lucros de investimento direto para 2020, apurada no Censo, atingiu US$27,4 bilhões, redução de US$1,3 bilhão comparativamente à estimativa anterior. Entretanto, ocorreu alteração na composição do lucro total. Houve aumento de US$5,6 bilhões nas despesas de lucros remetidos e redução de US$7,0 bilhões nas despesas de lucros reinvestidos.
Em relação à conta financeira, ocorreu revisão nos passivos de investimento direto e em carteira. A revisão das despesas de lucros reinvestidos reduziu nos mesmos US$7,0 bilhões o IDP em participação no capital, enquanto os ingressos líquidos em operações intercompanhia registraram ligeiro aumento, US$94 milhões. No total, a revisão reduziu o IDP em US$6,9 bilhões, passando a totalizar ingressos líquidos de US$37,8 bilhões (2,62% do PIB) ante US$44,7 bilhões (3,09% do PIB) anteriormente estimados. Quanto aos passivos de investimento em carteira, as saídas líquidas se mostraram menores em US$720 milhões, revistas de US$2,6 bilhões para US$1,9 bilhão.
Balanço de pagamentos de 2021
Para 2021, a revisão decorreu do aprimoramento das estimativas, que passaram a incorporar informações mais recentes da pesquisa CBE e de dados tempestivos declarados no RDE-IED e no RDE-ROF.
Nas transações correntes, a revisão mais significativa ocorreu nas estimativas de despesas de lucros de investimento direto, que aumentaram US$4,0 bilhões, de US$28,5 bilhões para US$32,6 bilhões, de janeiro a setembro de 2021. A revisão das receitas de lucro de investimento direto somou US$0,8 bilhão, de US$17,4 bilhões para US$18,2 bilhões. Por conseguinte, as despesas líquidas da renda primária aumentaram US$3,2 bilhões no período, revistas de US$33,1 bilhões para US$36,3 bilhões.
Nos demais componentes das transações correntes houve revisão apenas da balança comercial de bens, com redução de US$76 milhões no superávit comercial. Dessa forma, o déficit em transações correntes acumulado de janeiro a setembro de 2021 foi revisado de US$8,1 bilhões para US$11,3 bilhões, elevação de US$3,2 bilhões.
A revisão do IDP de janeiro a setembro de 2021 aumentou o ingresso líquido em US$2,6 bilhões, de US$40,7 bilhões para US$43,3 bilhões. Houve acréscimo de US$4,0 bilhões decorrente da revisão das estimativas de lucros reinvestidos, e redução de US$1,5 bilhão nos ingressos líquidos de operações intercompanhia. Neste último caso, as empresas de investimento direto informaram amortizações retroativas no sistema RDE-ROF, a maior parte em mercadorias.
PII de 2020 e 2021
Os resultados do Censo ano-base 2020 substituíram a estimativa da posição de dezembro de 2020 para o IDP-Participação no capital. A posição definitiva atingiu US$521,3 bilhões, redução de US$2,0 bilhões. A PII líquida foi revista nesse mesmo montante, com aumento da posição passiva líquida de US$554,2 bilhões para US$552,2 bilhões. As posições de IDP para março, junho e setembro de 2020, assim como as dos referidos trimestres de 2021, também foram revistas em função da revisão dos lucros reinvestidos.
Mais estatísticas sobre posição de IDP em 2020, compiladas a partir do Censo, estão disponíveis em Investimento Direto no País – Posição, publicadas na página do BCB, em Estatísticas >> Tabelas Especiais.
Resumo da revisão do balanço de pagamentos de 2020 e de 2021
Estimativas e parciais – novembro de 2021
Para o mês de novembro, a estimativa para o resultado em transações correntes é de déficit de US$7,8 bilhões, enquanto a de IDP é de ingressos líquidos de US$3,9 bilhões.
As parciais para o mês de novembro, até o dia 22, são apresentadas nas tabelas a seguir:
Fonte: BCB