Dólar deve se ajustar à queda no exterior, mas volatilidade é possível com eleição

“Não nos parece que formação da taxa cambial esteja afetada pelo pleito já que o mercado não atribui credibilidade às pesquisas. Embate entre “comprados” e “vendidos” provoca volatilidade, já que “vendidos” procuram retirar prêmio de risco agregado ao preço e “comprados” forçam a manutenção do prêmio de risco. Entendemos que ainda não há ambiente para se excluir prêmio de risco na composição da taxa cambial, por isso é que consideramos R$ 3,70 a R$ 3,80 a zona de conforto. “

A recuperação dos mercados internacionais nesta manhã, após as fortes perdas ontem, tende a conduzir os ajustes dos ativos locais, com possível queda do dólar ante o real nos primeiros negócios. Ao longo do dia, a moeda também pode ficar volátil. Após a abertura, as atenções se voltam para a reação do euro à entrevista do presidente do Banco Central Europeu, Mario Draghi, à qual os investidores devem monitorar o tom do discurso em relação à crise fiscal italiana.

Há pouco, o BCE anunciou a manutenção dos juros na zona do euro. A taxa de refinanciamento permanece em 0% e a taxa de Depósitos, em -0,4%. A instituição informou ainda que juros permanecerão nos níveis atuais até pelo menos o fim do verão europeu de 2019 e que as compras líquidas de ativos serão de 15 bilhões de euros por mês até dezembro, quando terminam essas operações. O BCE assegurou que deve manter política de reinvestimento por período prolongado após término do QE. Já o Twitter divulgou resultados trimestrais positivos, que elevam expectativas pelos balanços de outras empresas de tecnologia mais tarde, como os do Alphabet (Google) e Amazon à tarde.

Embora a aversão ao risco tenha se dissipado por enquanto, os investidores seguem atentos aos desdobramentos das investigações policiais americanas sobre pacotes com explosivos enviados à redação da CNN em Nova York, ao bilionário George Soros, e a várias autoridades do partido Democrata. Lá fora, as bolsas europeias e em Nova York sobem e o dólar recua ante euro, libra e algumas moedas emergentes, como o dólar australiano e os pesos chileno e mexicano, entre outras.

No Brasil, a três dias do segundo turno, a disputa eleitoral segue no foco antes de mais uma pesquisa Datafolha, que será divulgada à noite. Os investidores seguem monitorando os nomes cogitados para composição da equipe econômica e os planos dos futuros governos.

Ontem, o candidato Jair Bolsonaro (PSL) indicou que, se eleito, poderá compor seu ministério com nomes do DEM, como os dos dois deputados do partido que não se reelegeram: Alberto Fraga (DF), atual líder da “bancada da bala” no Congresso, e Pauderney Avelino (AM), além do deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS), já apresentado como virtual titular da Casa Civil. Ex-ministro da Educação no governo Michel Temer, o deputado Mendonça Filho (PE), derrotado na disputa ao Senado, também é cotado para voltar à Esplanada. O advogado Gustavo Bebianno, que é cogitado para ser ministro da Justiça, disse ser positiva para a governabilidade a aproximação com partidos da centro-direita e do centro, como DEM e MDB. A Frente Parlamentar da Agropecuária também deve indicar nomes para o cargo de ministro da Agricultura em eventual governo do ex-capitão. A bancada ruralista é outro pilar de apoio do candidato no Congresso além dos evangélicos, e estão sendo avaliados a indicação de nomes militares par! a presidir a Petrobras, caso seja eleito.


Fonte: Broadcast Estadão
Publicado: 25 de outubro de 2018

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