– Expectativas de inflação para 2024 e 2025 continuam acima da meta –
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central do Brasil decidiu elevar a taxa básica de juros, a Selic, em 0,50 ponto percentual, passando a 11,25% ao ano. A decisão, unânime, reflete o cenário desafiador tanto no mercado doméstico quanto externo, com pressões inflacionárias persistentes e uma dinâmica econômica incerta.
O cenário continua desafiador, com pressões inflacionárias tanto internas quanto externas. O Comitê de Política Monetária (Copom) alertou para uma assimetria altista no balanço de riscos, com destaque para a possibilidade de uma desancoragem das expectativas de inflação e a maior resistência da inflação de serviços. Entre os fatores que poderiam pressionar ainda mais os preços, o Comitê destacou a taxa de câmbio como um elemento crítico.
O câmbio, sendo um fator sensível às expectativas de inflação e à dinâmica fiscal interna, impacta diretamente os preços de ativos e as expectativas dos agentes econômicos. Para mitigar os riscos inflacionários, o Copom ressaltou a importância de uma política fiscal crível e comprometida, que contribua para a estabilidade econômica e para a redução do prêmio de risco, o que, por sua vez, ajudaria a ancorar as expectativas de inflação e impactaria positivamente a taxa de câmbio.
O ambiente externo permanece desafiador, em função, principalmente, da conjuntura econômica incerta nos Estados Unidos, o que suscita maiores dúvidas sobre os ritmos da desaceleração, da desinflação e, consequentemente, sobre a postura do Fed. “Os bancos centrais das principais economias permanecem determinados em promover a convergência das taxas de inflação para suas metas em um ambiente marcado por pressões nos mercados de trabalho”, afirmou o Comitê, que destaca também as dificuldades que os países emergentes enfrentam devido à menor sincronia nos ciclos de política monetária.
No cenário doméstico, o conjunto dos indicadores de atividade econômica e do mercado de trabalho segue apresentando dinamismo. A inflação cheia e as medidas subjacentes se situaram acima da meta nas divulgações mais recentes. As expectativas de inflação para 2024 e 2025 apuradas pela pesquisa Focus estão em torno de 4,6% e 4,0%, respectivamente.
Apesar dos riscos de alta para o cenário inflacionário, como a possibilidade de uma desancoragem das expectativas de inflação e a maior resiliência da inflação de serviços, o Comitê reconhece também riscos de baixa, incluindo a possibilidade de uma desaceleração mais acentuada da atividade econômica global.
A decisão de elevar a Selic reflete a necessidade de um controle mais rigoroso da inflação, que ainda apresenta desvios em relação à meta. O Comitê afirmou que essa elevação visa “suavizar as flutuações do nível de atividade econômica e fomentar o pleno emprego”, enquanto também trabalha para garantir a convergência da inflação à meta de forma sustentada.
Projeções de inflação no cenário de referência
Variação do IPCA acumulada em quatro trimestres (%)
Índice de preços | 2024 | 2024 | 2º tri 2026 |
---|---|---|---|
IPCA | 4,6 | 3,9 | 3,6 |
IPCA livres | 4,5 | 3,8 | 3,4 |
IPCA administrados | 4,9 | 4,2 | 4,3 |
No cenário de referência, a trajetória para a taxa de juros é extraída da pesquisa Focus e a taxa de câmbio parte de R$5,75/US$, evoluindo segundo a paridade do poder de compra (PPC). O preço do petróleo segue aproximadamente a curva futura pelos próximos seis meses e passa a aumentar 2% ao ano posteriormente. Além disso, adota-se a hipótese de bandeira tarifária “amarela” em dezembro de 2024 e de 2025. O valor para o câmbio foi obtido pelo procedimento usual.
Fonte: Banco Central