Câmbio: Otimismo com reforma após aprovação de crédito extra pode ser contido por exterior ruim

“Exterior somente terá influência após dólar atingir R$ 3,75/3,80.”

O dólar pode oscilar mais perto da estabilidade no mercado doméstico, em meio à retomada da cautela internacional após um endurecimento no tom dos discursos na disputa comercial entre Estados Unidos e China e as expectativas otimistas dos investidores em relação ao calendário da reforma da Previdência.

O presidente da comissão especial da reforma da Previdência, deputado Marcelo Ramos (PL-AM), disse ontem que a discussão do parecer do deputado Samuel Moreira (PSDB-SP) deve se estender por duas ou três sessões. Por esse cronograma, o debate ocuparia praticamente toda a semana que vem, caso o relator mantenha a previsão de leitura do parecer nesta quinta-feira (13). Ele evitou, porém, dizer se a votação na comissão acabará ficando para a primeira semana de julho, diante do feriado de Corpus Christi em 20 de junho e das festas juninas, que costumam atrair parlamentares às suas bases eleitorais. Na noite de ontem, o plenário do Congresso aprovou por unanimidade, com 450 votos de deputados e 61 de senadores, a autorização especial para que o governo federal possa pagar R$ 248,9 bilhões em benefícios sociais com dinheiro obtido com empréstimos. Desse modo, o governo não corre mais o risco de desrespeitar a regra de ouro do orçamento.

Ontem, o dólar à vista caiu 0,88%, para R$ 3,8496 – o menor valor de fechamento desde 10 de abril (R$ 3,8234). Além de reagir ao acordo partidário para aprovação do crédito suplementar na Comissão Mista de Orçamento (CMO) e ao anúncio de entendimento entre Petrobras e Cade para venda de refinarias da petroleira, o mercado precificou a queda externa do dólar após novas críticas do presidente americano Donald Trump ao Federal Reserve. Trump reclamou da taxa de juros nos Estados Unidos, novamente afirmando que o Federal Reserve (Fed) a manteria muito “alta”. Além disso, afirmou que o euro e outras moedas estariam desvalorizadas em relação ao dólar, o que coloca seu país em “grande desvantagem” na arena comercial.

O contraponto nesta quarta-feira é o ambiente externo negativo, que pode limitar eventual ajuste de baixa do dólar ante o real. Nesta manhã, o índice do dólar (DXY) exibe viés de alta e a moeda americana mostram majoritariamente leves ganhos frente a divisas de países emergentes exportadores de commodities, enquanto os preços das matérias-primas exibem fortes perdas – cobre para julho cai mais de 1% e o petróleo acima de 2% – assim como as bolsas internacionais e os juros dos Treasuries. Já o ouro avança, confirmando uma busca de proteção.

A postura mais cautelosa vem após Trump defender ainda o uso de tarifas como parte de sua estratégia comercial. Ele disse que não avançará nas negociações com a China a menos que Pequim ceda em quatro ou cinco “grandes pontos” que ele não especificou. Já o governo chinês prometeu uma “dura resposta” se Washington persistir em ampliar as tensões comerciais. Além disso, investidores aguardam os últimos dados de inflação (CPI) dos EUA – que serão divulgados 9h30 -, uma vez que influenciam fortemente a política monetária do Federal Reserve (Fed, o banco central americano).


Fonte: Broadcast Estadão
Publicado: 12 de junho de 2019

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