– Boletim Focus sinaliza moderação econômica com PIB estável em 2,23% –
O Relatório Focus, divulgado pelo Banco Central nesta segunda-feira, trouxe uma nova redução nas projeções do mercado para a inflação em 2025, marcando a oitava semana consecutiva de ajuste. A estimativa para o IPCA caiu de 5,17% para 5,10%, refletindo uma tendência de desaceleração, embora ainda acima do teto da meta de 3% com tolerância de 1,5 ponto percentual (4,5%). Essa revisão sinaliza um alívio nas pressões inflacionárias, corroborado pela queda de 0,02 ponto percentual na inflação mensal de junho, que fechou em 0,24%.
Para os anos seguintes, as projeções também mostraram ajustes. A expectativa para 2026 recuou de 4,50% para 4,45%, entrando pela primeira vez no intervalo da meta, enquanto as estimativas para 2027 e 2028 permaneceram em 4,00% e caíram de 3,81% para 3,80%, respectivamente. Esses números indicam uma convergência gradual da inflação para a meta, embora os preços administrados, com projeção ajustada de 4,40% para 4,64% em 2025, continuem como ponto de atenção. O mercado avalia que o novo regime de meta contínua, que registrou o estouro do teto pela primeira vez em 2025, pressiona a política monetária.
Perspectivas de crescimento e juros
O Produto Interno Bruto (PIB) manteve a projeção de 2,23% para 2025, alinhada às expectativas da semana anterior, segundo o Focus. Para 2026, a estimativa de crescimento foi ligeiramente reduzida de 1,89% para 1,88%, enquanto as projeções para 2027 e 2028 se estabilizaram em 2,00%, refletindo uma visão de moderação no ritmo econômico. Esse cenário é influenciado pelo desempenho de 3,4% em 2024, conforme o IBGE, e pela continuidade de uma política monetária restritiva, que pode limitar a expansão futura.
A taxa Selic permaneceu em 15% para o fim de 2025, mantendo-se estável pela quarta semana, após o sétimo aumento consecutivo do Copom em 0,25 ponto percentual na última reunião. Para 2026, a projeção segue em 12,50%, com 10,50% em 2027 e 10,00% em 2028, sugerindo um ciclo de corte de juros a partir do próximo ano, condicionado à convergência da inflação. A próxima reunião do Copom, marcada para 29 e 30 de julho, será crucial para avaliar os impactos dessas projeções.
Câmbio e indicadores complementares
No câmbio, a mediana das projeções para o dólar em 2025 ficou em R$ 5,65, enquanto para 2026 permaneceu em R$ 5,70, com uma leve redução de R$ 5,71 para R$ 5,70 em 2027, e de R$ 5,76 para R$ 5,70 em 2028. Essa estabilidade reflete uma percepção de menor volatilidade no curto prazo, embora analistas monitorem os efeitos da política fiscal. O Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M) também foi ajustado, caindo de 2,18% para 1,72% em 2025 e de 4,50% para 4,45% em 2026, indicando uma desaceleração nos custos setoriais.
Outros indicadores do Focus mostram uma visão mista. As projeções para a variação dos preços administrados subiram de 4,40% para 4,64% em 2025, mas caíram de 4,29% para 4,19% em 2026, sugerindo ajustes sazonais. Esses dados, coletados até sexta-feira passada, reforçam a cautela do mercado diante de um cenário econômico que combina crescimento moderado e desafios inflacionários, com o Banco Central desempenhando um papel central na divulgação dessas expectativas.
Desafios e expectativas futuras
A redução da inflação projetada para 5,10% em 2025 é vista como um sinal positivo, mas o estouro do teto da meta contínua, com acumulado de 5,35% em 12 meses até junho, mantém a pressão sobre o Copom. Analistas desta segunda-feira destacam que a política monetária restritiva, com a Selic em 15%, continua sendo o principal instrumento para ancorar as expectativas, embora a estabilidade do PIB em 2,23% indique limites ao crescimento.
O mercado permanece atento à evolução dos preços administrados e ao comportamento do câmbio, que pode influenciar a dinâmica inflacionária. A projeção de R$ 5,65 para o dólar em 2025 sugere confiança relativa, mas qualquer deterioração fiscal ou externa pode reverter essa tendência. Com o Relatório Focus servindo como termômetro semanal, as revisões desta semana reforçam a necessidade de equilíbrio entre controle inflacionário e estímulo econômico.
A trajetória econômica brasileira, segundo o Focus de 21 de julho, reflete um ajuste fino em um contexto de incertezas. A queda da inflação para dentro da meta em 2026 (4,45%) é um marco esperado, mas a manutenção da Selic elevada e a moderação do PIB apontam para desafios estruturais. Analistas sugerem que o desempenho futuro dependerá da capacidade do governo de avançar nas reformas fiscais, enquanto o mercado aguarda os desdobramentos da próxima reunião do Copom.
Fonte: BC