– IPCA cai de 5,10% para 5,09%, enquanto Selic segue estável em 15% até a próxima reunião do Copom –
O mercado financeiro reduziu pela nona semana consecutiva a projeção para a inflação em 2025, conforme o Boletim Focus divulgado pelo Banco Central nesta segunda-feira. A estimativa para o IPCA passou de 5,10% para 5,09%, sinalizando uma percepção de desaceleração nos preços, embora ainda acima do teto da meta de 4,5% estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). O relatório, que compila projeções de mais de 100 instituições financeiras, reflete um otimismo cauteloso em meio a desafios econômicos persistentes, como a volatilidade cambial e os custos energéticos.
A expectativa para o PIB em 2025 foi mantida em 2,23%, indicando estabilidade nas previsões de crescimento econômico. Para 2026, a projeção do PIB subiu ligeiramente, de 1,88% para 1,89%, sugerindo uma perspectiva de expansão moderada no longo prazo. Já a taxa Selic, atualmente em 15% ao ano, foi mantida pelos analistas para o fim de 2025, sem expectativas de novas elevações na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), marcada para 29 e 30 de julho.
Inflação em trajetória de queda
As projeções para a inflação mostram um recuo contínuo, com a estimativa para 2026 caindo de 4,45% para 4,44%, enquanto as previsões para 2027 e 2028 permanecem estáveis em 4,00% e 3,80%, respectivamente. Apesar da melhora, o IPCA segue acima do centro da meta contínua de 3%, com tolerância de 1,5% a 4,5%, adotada desde janeiro de 2025. O presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, já havia alertado em comunicações anteriores que fatores como a desvalorização do real e os impactos climáticos sobre alimentos e energia continuam pressionando os preços, exigindo vigilância.
Para o IGP-M, as projeções também foram revisadas para baixo. Em 2025, a expectativa caiu de 1,72% para 1,60%, e para 2026, de 4,45% para 4,42%. As estimativas para preços administrados dentro do IPCA, como combustíveis e energia, subiram marginalmente para 2025, de 4,64% para 4,69%, refletindo preocupações com custos energéticos em meio a incertezas climáticas.
Câmbio e balança comercial
No cenário cambial, o mercado ajustou a projeção para o dólar em 2025, que caiu de R$ 5,65 para R$ 5,60. Para os anos de 2026, 2027 e 2028, a expectativa se mantém estável em R$ 5,70, indicando uma percepção de relativa estabilidade no longo prazo, apesar das pressões externas, como tensões comerciais globais. A balança comercial, por sua vez, teve sua projeção de superávit para 2025 reduzida de US$ 69,25 bilhões para US$ 66,70 bilhões, refletindo um ajuste nas expectativas de exportações e importações. Para 2026, o superávit esperado caiu de US$ 75,20 bilhões para US$ 70,04 bilhões, enquanto 2027 e 2028 também registraram revisões para baixo.
Taxa Selic e perspectivas futuras
A taxa Selic, mantida em 15% para o fim de 2025, reflete a cautela do mercado diante das pressões inflacionárias persistentes. Para 2026, a projeção segue em 12,50%, com reduções graduais esperadas para 10,50% em 2027 e 10% em 2028, sugerindo uma política monetária ainda restritiva no médio prazo. A decisão do Copom, que será anunciada após a reunião desta semana, é aguardada com atenção, já que a ata da última reunião sinalizou uma possível pausa no ciclo de altas de juros, conforme destacado no Boletim Focus.
Cenário econômico em foco
O cenário traçado pelo Boletim Focus indica um equilíbrio delicado entre otimismo e prudência. A redução contínua nas projeções de inflação é um sinal positivo, mas a persistência do IPCA acima da meta contínua reforça a necessidade de monitoramento rigoroso por parte do Banco Central. O ajuste nas expectativas de crescimento do PIB e a estabilidade nas projeções de câmbio e juros sugerem que o mercado financeiro está calibrando suas expectativas em um contexto de incertezas globais e domésticas, como os impactos de eventos climáticos e a volatilidade no câmbio.
Fonte: BC