– Boletim Focus aponta otimismo com IPCA a 5,17% e dólar abaixo de R$ 5,70 –
O mercado financeiro revisou suas projeções econômicas para 2025, trazendo maior otimismo em relação à inflação e à taxa de câmbio, conforme o Boletim Focus divulgado pelo Banco Central nesta segunda-feira (14). A estimativa para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) caiu pela sétima semana consecutiva, passando de 5,18% para 5,17%, enquanto a projeção para o dólar recuou de R$ 5,70 para R$ 5,65. A expectativa de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) foi mantida em 2,23%, refletindo estabilidade na percepção sobre a atividade econômica.
Inflação em trajetória descendente
A redução na projeção do IPCA para 2025 sinaliza uma percepção de alívio nas pressões inflacionárias, embora o índice ainda supere o teto da meta de 3%, fixada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), com tolerância de 1,5 ponto percentual. A meta contínua, adotada desde janeiro de 2025, considera o acumulado de 12 meses, e o IPCA de 5,32% em maio já indicava um desafio para o Banco Central. Para julho, analistas esperam uma alta moderada de 0,25% no índice, influenciada por preços de energia e alimentos.
As projeções para os anos seguintes mostram estabilidade: 4,50% em 2026, 4,00% em 2027 e 3,80% em 2028. O Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M), usado em reajustes de contratos, também teve sua estimativa reduzida de 2,25% para 2,18% em 2025, sugerindo menor pressão em setores como aluguel e tarifas públicas.
PIB mantém expectativa de crescimento moderado
O crescimento projetado para o PIB em 2025 permaneceu em 2,23%, conforme o Boletim Focus. O resultado reflete a resiliência da economia brasileira, impulsionada pelo desempenho da agropecuária, que cresceu 1,4% no primeiro trimestre, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Para 2026, a projeção subiu ligeiramente de 1,86% para 1,89%, enquanto as estimativas para 2027 e 2028 seguem em 2%, indicando confiança em uma expansão contínua, porém moderada.
O Ministério da Fazenda projeta um crescimento de 2,5%, acima da estimativa do Banco Central, que aponta para 2,1%. Fatores como o dinamismo do mercado de trabalho, com geração de empregos formais, e a força do setor agrícola sustentam as expectativas, embora os juros altos possam limitar um avanço mais robusto.
Selic estacionada e câmbio em queda
A taxa básica de juros, a Selic, foi mantida em 15% ao ano, sem previsão de novas altas em 2025, conforme sinalizado pelo Comitê de Política Monetária (Copom) na ata de sua última reunião. A interrupção do ciclo de elevações, iniciado em 2024, reflete a avaliação de que a política monetária atual é suficiente para conter a inflação, apesar de seu impacto restritivo sobre o crescimento. Para 2026, a projeção é de uma queda para 12,50%, com reduções graduais até 10% em 2028.
No câmbio, a revisão para baixo nas projeções reflete um cenário de menor volatilidade. O dólar, que chegou a R$ 6,29 em dezembro de 2024, agora é esperado em R$ 5,65 para 2025, com estimativas de R$ 5,70 para 2026, R$ 5,71 para 2027 e R$ 5,76 para 2028. A apreciação do real é atribuída à maior estabilidade global e à correção após a forte desvalorização no fim do último ano.
Balança comercial e perspectivas
O saldo da balança comercial para 2025 foi ajustado de US$ 73 bilhões para US$ 70,90 bilhões de superávit, segundo o Focus. Em junho, o saldo foi de US$ 5,9 bilhões, acumulando US$ 30,1 bilhões no semestre. As projeções para 2026 (US$ 77,94 bilhões), 2027 (US$ 80 bilhões) e 2028 (US$ 81,10 bilhões) indicam confiança no desempenho exportador, especialmente do agronegócio.
O cenário econômico para 2025 combina otimismo cauteloso com desafios persistentes. A queda nas projeções de inflação e câmbio sugere alívio, mas a inflação acima do teto da meta e os juros altos demandam atenção. A próxima reunião do Copom, marcada para 29 e 30 de julho, será crucial para confirmar a pausa no ciclo de altas da Selic e definir os rumos da política monetária.
Fonte: BC