– O Boletim Focus reflete otimismo moderado em meio a incertezas econômicas –
O Boletim Focus, divulgado nesta segunda-feira, 7 de julho, pelo BC, trouxe ajustes nas projeções econômicas que sinalizam um cenário de otimismo cauteloso no mercado financeiro brasileiro. A estimativa para o IPCA caiu pela sexta semana consecutiva, passando de 5,20% para 5,18% neste ano. Apesar da redução, o índice permanece acima do teto da meta de 3%, com tolerância de 1,5 ponto percentual (entre 1,5% e 4,5%), segundo o Conselho Monetário Nacional (CMN). Esse recuo reflete uma desaceleração gradual da pressão inflacionária, alinhada aos dados de maio, quando o IPCA registrou 0,26%.
Para os anos seguintes, as projeções mantiveram estabilidade: 4,5% para 2026, 4% para 2027 e 3,8% para 2028. Esses números indicam que o mercado espera uma convergência mais lenta da inflação para a meta, influenciada por fatores como a política monetária e a dinâmica global. O Banco Central utiliza a taxa Selic, atualmente em 15% ao ano, como ferramenta principal para controlar a demanda e alinhar os preços, mas a decisão do Copom de elevar os juros em 0,25 ponto percentual na reunião passada surpreendeu analistas, que agora projetam a Selic em 15% até o fim de 2025.
Desempenho do PIB e Perspectivas de Crescimento
O PIB ganhou destaque com uma revisão otimista, subindo de 2,21% para 2,23% em 2025, marcando a primeira alta semanal após um período de estabilidade. Esse ajuste sugere confiança no desempenho econômico, impulsionado pelo crescimento de 1,4% no primeiro trimestre, liderado pela agropecuária, conforme IBGE. Para 2026, porém, a projeção caiu ligeiramente de 1,87% para 1,86%, enquanto as estimativas para 2027 e 2028 se mantiveram em 2%, refletindo um crescimento moderado no horizonte projetado.
A leve alta do PIB em 2025 indica resiliência da economia, apesar de desafios fiscais e externos. Publicações desta semana destacam que o mercado vê o setor agropecuário como motor inicial, mas alerta para uma possível desaceleração no segundo semestre, dependendo de fatores como demanda interna e exportações. As projeções para os próximos anos sugerem que o crescimento deve se estabilizar, mas permanece sensível a choques como variações climáticas ou políticas monetárias globais.
Taxa Selic e Impactos na Economia
A taxa Selic, que fechou 2025 em 15% segundo o consenso, deve permanecer nesse patamar por um período prolongado, conforme indicado pelo Copom. Para 2026, a projeção é de uma redução para 12,5%, seguida por 10,5% em 2027 e 10% em 2028. Essa trajetória reflete a expectativa de que o ciclo de alta dos juros, iniciado para conter a inflação, dará lugar a uma política mais expansionista à medida que os preços se aproximem da meta. A ata do Copom sugere que o comitê monitorará os efeitos acumulados da Selic, sem descartar ajustes futuros caso a inflação mostre sinais de retomada.
A manutenção dos juros em 15% neste ano impacta diretamente o crédito, encarecendo financiamentos e incentivando a poupança. Analistas desta segunda-feira apontam que esse nível pode limitar a expansão econômica no curto prazo, mas é visto como necessário para ancorar as expectativas inflacionárias. A decisão de elevar a Selic na última reunião, apesar da desaceleração do IPCA, reflete a cautela do BC diante de incertezas globais, como a política monetária dos Estados Unidos.
Câmbio
O câmbio também foi ajustado no Boletim Focus, com a cotação do dólar mantida em R$ 5,70 para o fim de 2025, enquanto a projeção para 2026 caiu de R$ 5,79 para R$ 5,75. Essa leve apreciação do real sugere uma percepção de menor volatilidade no curto prazo, possivelmente influenciada por um cenário de commodities favorável e uma Selic competitiva. Para 2027 e 2028, as estimativas ficaram em R$ 5,75 e R$ 5,80, respectivamente, indicando uma tendência de estabilidade relativa.
Os dados de câmbio reforçam a visão de que o mercado espera um real mais resiliente, embora sensível a fatores externos, como as taxas de juros americanas.
Horizontes e desafios econômicos
O Boletim Focus de hoje consolida um cenário de ajustes finos, com a inflação em trajetória descendente, um PIB em leve alta e um câmbio controlado. A projeção de 5,18% para o IPCA neste ano, embora acima da meta, sinaliza um alívio em relação às estimativas anteriores, enquanto o crescimento de 2,23% do PIB reflete confiança na recuperação econômica. Contudo, a alta da Selic e do dólar projetado a R$ 5,70 destacam os desafios de equilibrar crescimento e controle inflacionário.
O desempenho econômico dependerá da capacidade do BC de manter a inflação sob controle sem sufocar a atividade produtiva. Com a próxima reunião do Copom a definir os rumos dos juros, o mercado permanece atento aos indicadores futuros, que podem ajustar essas projeções.
Fonte: A / B