– BC intensifica combate à inflação com novo aumento da taxa básica de juros –
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu elevar a taxa Selic em 1 ponto percentual, atingindo 14,25% ao ano. Essa é a quinta alta consecutiva da taxa básica de juros, que atinge o maior patamar desde 2016. A decisão foi unânime entre os membros do Comitê e reforça a estratégia de controle da inflação diante do cenário de persistente pressão sobre os preços.
Contexto econômico e justificativas para a alta
O Copom justificou sua decisão com base no ambiente externo desafiador, em especial as incertezas da política econômica dos Estados Unidos e seus efeitos sobre os mercados globais. O Comitê destacou que a inflação mundial continua elevada, exigindo cautela dos países emergentes.
No Brasil, os indicadores de atividade econômica e do mercado de trabalho seguem demonstrando resiliência, ainda que sinais de moderação no crescimento tenham surgido. No entanto, a inflação cheia e os núcleos de inflação mantêm-se acima da meta, reforçando a necessidade de uma política monetária mais contracionista.
Projeções da inflação e expectativas do mercado
As expectativas de inflação para 2025 e 2026, segundo o Boletim Focus, subiram para 5,7% e 4,5%, respectivamente. Já a projeção do Banco Central para a inflação acumulada em 12 meses até o terceiro trimestre de 2026 é de 3,9%, no cenário de referência.
No mesmo cenário, a inflação de preços livres foi projetada em 5,4% para 2025 e 3,8% no terceiro trimestre de 2026. Os preços administrados, por sua vez, devem registrar alta de 4,3% em 2025 e 4,2% no acumulado até o terceiro trimestre de 2026.
O Banco Central manteve o pressuposto de que a taxa de câmbio parte de R$ 5,80 por dólar e evolui conforme a paridade do poder de compra. Além disso, o preço do petróleo seguirá a curva futura por seis meses e, posteriormente, terá aumento de 2% ao ano.
Projeções de inflação no cenário de referência
Variação do IPCA acumulada em quatro trimestres (%)
Índice de preços | 2025 | 3º tri 2026 |
IPCA | 5,1 | 3,9 |
IPCA livres | 5,4 | 3,8 |
IPCA administrados | 4,3 | 4,2 |
Sinalizações para os próximos meses
O Copom indicou que, diante da incerteza elevada e da desancoragem adicional das expectativas inflacionárias, poderá realizar um ajuste de menor magnitude na próxima reunião. No entanto, reforçou que a trajetória futura da Selic dependerá da evolução da inflação, das expectativas dos agentes econômicos e do balanço de riscos.
A autoridade monetária enfatizou que segue acompanhando o impacto da política fiscal na política monetária e nos preços dos ativos financeiros. A percepção do mercado sobre o regime fiscal e a sustentabilidade da dívida pública tem influenciado as expectativas de inflação e os juros de longo prazo.
Perspectivas e reação do mercado
A decisão do Copom foi amplamente antecipada pelo mercado financeiro, que já esperava uma elevação de 1 ponto percentual na Selic. No entanto, investidores seguem atentos às próximas decisões do Banco Central, avaliando se o ciclo de aperto monetário está próximo do fim ou se novas altas serão necessárias.
A combinação de inflação resistente, atividade econômica ainda aquecida e incertezas fiscais mantém o cenário desafiador. A expectativa agora se volta para os próximos meses, quando os dados econômicos e a postura do Banco Central determinarão o rumo da taxa de juros e da economia brasileira.
Fonte: BC