Queda do dólar está perto do fim? Duas corretoras veem correção no câmbio após alívio

Levy pode ter mexido nas expectativas, mas apostas na piora do cenário econômico, menor atratividade do capital estrangeiro e instabilidade política podem levar o câmbio de volta a R$ 3,10

SÃO PAULO Investidores e pessoas que têm planos de viajar para o exterior nos próximos meses se animaram com a queda de 6,28% do dólar do dia 20 de março até o último fechamento, saindo de um patamar de R$ 3,23 para R$ 3,03. No entanto, esta tendência secundária de queda dentro do forte movimento altista da moeda norte-americana
frente ao real que vem desde o ano passado pode estar prestes a acabar.

Em relatório assinado por João Pedro Ribeiro e Benito Berber, a corretora Nomura afirma que os fatores domésticos positivos que impulsionaram a desvalorização do dólar recentemente, se estabilizaram, já estão precificados e a tendência de longo prazo de valorização da divisa dos EUA deve continuar.

Entre os fatores considerados precificados pela corretora está a divulgação do balanço auditado da Petrobras (PETR3; PETR4) com as baixas contábeis por conta dos escândalos de corrupção investigados pela Operação Lava Jato. A expectativa da Nomura é que haja um clássico movimento de “sobe no boato, cai no fato” no caso do resultado da petroleira, com perspectivas extremamente negativas para o mercado brasileiro como um todo caso não haja divulgação.

Também foi citada a situação macroeconômica do País, com tendência a piora nas previsões tanto para o crescimento econômico quanto para a inflação, apesar da recente estabilização das projeções em uma retração de 1% no PIB (Produto Interno Bruto) e de perto de 8% de avanço no IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo). Além disso, os desdobramentos da Lava Jato ainda podem trazer tensões para o cenário político mais ameno atual junto com a elevação no tom dos pedidos de impeachment pela oposição.

Na mesma linha vem o relatório assinado pelo economista Sidnei Moura Nehme, da corretora de câmbio NGO, que exalta o trabalho do ministro da Fazenda, Joaquim Levy, em influenciar as expectativas, mas lembra que o ajuste fiscal ainda depende do Congresso e da contenção de uma possível rebelião da base do PT. No entanto, ele explica que com alguns benefícios sociais já deteriorados pela inflação, o governo não parece estar em condições de aumentar os gastos neste
sentido.

Nehme ainda cita o setor externo como mais um vetor de insegurança. “A atratividade de capitais estrangeiros para setores produtivos tende a apresentar retração neste ano, e os capitais especulativos sobre os quais reside a grande expectativa de que intensifiquem seus volumes de ingressos tendem a ficar mais contidos já que o fato do país proporcionar alta rentabilidade também sugere altos riscos de variações da taxa cambial que afastam o interesse por arbitragens dos recursos oriundos de operações de “carry trade” no exterior”, afirma o relatório.

Com tudo isso sendo somado à dificuldade comercial devido à queda dos preços das commodities, o preço de equilíbrio do dólar voltaria a algo perto de R$ 3,10, segundo a NGO. “Uma correção na relação dólar/real com valorização da moeda americana e a retomada mais aguda da valorização do dólar sobre o euro são fatores que não devem estar fora do radar”, conclui o texto do sóciodiretor da NGO.

Fonte: InfoMoney
Link:http://goo.gl/Lv3VHG
Autor: Ricardo Bomfim
Data de publicação: 22/04/2015

Compartilhar :
plugins premium WordPress