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Mesmo com dólar acima de R$4, BC não deve intervir no mercado por enquanto, dizem analistas

A disparada recente do dólar a acima de 4 reais, nível não visto há dois anos e meio, levantou a dúvidas se o Banco Central iria intervir mais pesado no mercado de câmbio, a exemplo do que fez entre maio e junho, mas na avaliação de especialistas consultados pela Reuters, a resposta ainda é não.

“O movimento da moeda brasileira não está muito descolado de outras emergentes”, afirmou a economista do Banco Santander Tatiana Pinheiro. “A situação externa do Brasil é bastante tranquila… Acredito que em algum momento o mercado perceberá que exagerou e vai se autocorrigir”, acrescentou.

Nos últimos dias, o dólar avançou forte frente ao real com temores diante da cena eleitoral brasileira. Recentes pesquisas de intenção de votos mostraram cenário difícil ao candidato que mais agrada ao mercado, Geraldo Alckmin (PSDB), e a possibilidade de segundo turno com a participação do PT.

A projeção do BC para o déficit em transações correntes neste ano, melhorada em junho, é de 11,5 bilhões de dólares, sobre 23,3 bilhões de dólares antes, cerca de 0,5 por cento do Produto Interno Bruto (PIB), quadro que traz mais resistência à economia.

“Há espaço para ver o dólar subir, mas não será tão forte quanto se pode imaginar o puro pânico eleitoreiro”, afirmou o economista-chefe da corretora Spinelli, André Perfeito.

Em maio, quando o dólar saltou 20 centavos de real e acumulou variação de 6,66 por cento, o BC acabou intervindo no mercado numa ação conjunta com o Tesouro Nacional para tentar apaziguar os ânimos dos investidores.

Na ocasião, os bancos estavam vendidos em dólar, diante de uma perspectiva ainda favorável para as eleições, mas o apoio da população à greve dos caminhoneiros e uma negociação desastrada do governo para por fim ao movimento acabou gerando forte estresse, descolando Brasil do resto do mundo.

“O BC então atuou para irrigar o mercado, dar liquidez para os bancos. Ele precisava atender às posições vendidas que estavam sendo desfeitas”, disse o economista e sócio da NGO Corretora, Sidnei Nehme. “Agora os bancos têm um colchão confortável, se o BC atuar, vai enxugar gelo”, avaliou.

Naquele momento, os investidores ainda apostavam que um candidato com perfil reformista estaria no Palácio do Planalto em 2019, o que justificava estar “vendido” em dólar, ou seja, apostar na baixa da moeda. Mas a revisão do cenário levou esse investidor a comprar moedas, inflando os preços e levando à atuação maciça do BC e Tesouro.

“Não temos problema cambial. Temos reservas e instrumentos para dar proteção e liquidez ao mercado. A especulação em cima do dólar acaba servindo para o mercado dar dimensão ao seu descontentamento”, disse Nehme, defendendo, assim, apenas que o BC use sua comunicação para tranquilizar os investidores.

O BC tem apenas feito leilões diários de swaps tradicionais, equivalentes à venda futura de dólares, para rolar os contratos que vencem à frente.

A piora recente das moedas emergentes começou com a Turquia, com a lira turca despencando cerca de 40 por cento ante o dólar em meio à interferência do presidente Tayyp Erdogan na economia e às relações complicadas com os Estados Unidos.

Os mercados globais de juros e moedas vêm sendo influenciados desde o ano passado pelo processo de normalização monetária nas economias mais avançadas.

ngo na midia ultimo instante Fonte: Último Instante
Autor: Claudia Violante com edição de Patrícia Duarte
Link: ultimoinstante.com.br/…/mesmo-com-dolar-acima-de-r4-bc-nao-deve-intervir-no-mercado-por-enquanto-dizem-analistas
Data de publicação: 23/08/18

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