O tom é predominantemente negativo nas principais praças financeiras globais nesta terça-feira, sob o peso de alguns balanços corporativos na Europa e as constantes preocupações sobre quando o Federal Reserve (Fed, banco central americano) começará a reduzir seus estímulos monetários. Enquanto os mercados de ações ainda operam pressionados, o dólar e os rendimentos dos títulos do Tesouro dos EUA perdem força.
O tom é predominantemente negativo nas principais praças financeiras globais nesta terça-feira, sob o peso de alguns balanços corporativos na Europa e as constantes preocupações sobre quando o Federal Reserve (Fed, banco central americano) começará a reduzir seus estímulos monetários. Enquanto os mercados de ações ainda operam pressionados, o dólar e os rendimentos dos títulos do Tesouro dos EUA perdem força.
Câmbio
O dólar se mantém em torno de R$ 2,33 no início da tarde desta terça-feira, após ter renovado pela manhã a máxima intradia em mais de dois meses. Segundo o operador de câmbio de um banco estrangeiro, o nível de R$ 2,35 chamou ordens de vendas, num modesto movimento de realização de lucros. Além disso, o dólar reduziu a alta no exterior, após dados mostrarem que os 16 dias de paralisia parcial nos serviços públicos americanos deprimiram a confiança das pequenas empresas do país, o que joga contra uma retirada antecipada dos estímulos monetários pelo Fed.
Perto de 13h45, o dólar comercial subia 0,08%, para R$ 2,3320, depois de subir a R$ 2,35 mais cedo, maior nível desde o início de setembro. O dólar para dezembro cedia 0,04%, para R$ 2,3405.
No Brasil, investidores se deparam ainda com a confirmação pela Vale de que captou US$ 1,66 bilhão por meio da venda de 407,1 milhões de ações da Norsk Hydro. Esse volume pode subir a US$ 1,82 bilhão caso o lote suplementar seja totalmente exercido, com a venda extra de 40,7 milhões de papéis. A Vale detinha participação de 21,6% no capital da empresa norueguesa que pode ter sido reduzido a apenas 2%.
Segundo o operador citado, o mercado acaba não “se animando” com a captação da Vale porque a companhia brasileira tende a manter seus dólares lá fora, já que tem caixa na moeda americana, ou pelo menos a não internalizar totalmente esse volume.
Apesar de ter desacelerado a alta, o viés do dólar claramente ainda é para cima. O mercado se questiona como o Banco Central vai tratar o vencimento de US$ 10,11 bilhões em swaps cambiais tradicionais que vence em dezembro. Por ora, a autoridade monetária informou apenas o leilão de US$ 1 bilhão a ser realizado hoje entre 14h30 e 14h40, com resultado às 14h50. “Acho que a sinalização não foi boa. Com o dólar nesse nível o BC poderia ter dado um ‘forward guidance’ dos leilões, definindo as datas para a rolagem completa. O mercado já conta com a rolagem total. Se não vier, vamos ter momentos de bastante estresse”, diz o operador.
“A opção pela oferta da rolagem no esquema ‘pinga gotas’ cria sempre um estresse no comportamento do mercado e contribui para a ocorrência de volatilidade”, diz o diretor-executivo e economista da NGO Corretora, Sidnei Moura Nehme.
Para Nehme, a pressão de alta do dólar não tem vindo exatamente do mercado futuro, mas sim do à vista, o que revela uma necessidade de moeda física no mercado. “Tudo nos leva a crer que seja bastante provável que o BC tenha que aumentar a sua oferta de linhas de financiamento em moeda estrangeira aos bancos”, afirma o economista, considerando que isso se fará necessário caso o fluxo continue negativo, levando, consequentemente, os bancos a ampliarem a posição vendida em dólares à vista.
Os bancos fecharam outubro com posição vendida em dólar spot de US$ 12,3 bilhões, a maior do tipo desde junho de 2011 (US$ 14,7 bilhões).
Mantendo o cronograma de leilões anunciado no fim de agosto, o Banco Central tornou a vender todos os 10 mil contratos de swap cambial tradicional ofertados em leilão nesta terça-feira, em operação que funcionou como uma injeção de quase US$ 500 milhões no mercado futuro. A colocação ficou restrita ao vencimento abril de 2014, com o BC não aceitando propostas para os papéis com vencimento em junho de 2014. A liquidação da venda ocorre amanhã, dia 13.
No exterior, o dólar reduziu os ganhos ante uma cesta de divisas a 0,11%, tendo chegado a subir mais de 0,30%. O menor apetite pela moeda americana ficou mais claro depois da divulgação da queda do índice de confiança das pequenas empresas dos Estados Unidos.
Juros
Enfim, os juros futuros cederam no fim da manhã, seguindo a desaceleração da alta do rendimento das títulos do Tesouro americano e do dólar. Mas o alívio é bastante modesto e muito longe de indicar uma melhora importante no humor geral. Operadores dizem que o clima geral continua sendo de cautela.
Segundo Vitor Péricles de Carvalho, da mesa de operações da Ativa Corretora, a preocupação com a política fiscal do governo é o principal fator a explicar esse movimento. “O dólar explica a alta dos juros de curto prazo, mas é a preocupação com o rumo das contas públicas que leva investidores a exigirem um prêmio de risco maior nos contratos mais lon gos”, afirma.
Perto de 13h45, DI janeiro/2017 operava com taxa de 12,11%, de 12,22% na véspera e máxima de 12,32%. O DI janeiro/2015 projetava 10,94%, de 11,01% ontem.
Bolsa
A Bolsa paulista estava no campo negativo nesta tarde. Próximo de 13h45, o Ibovespa recuava 0,75%, aos 52.231 pontos. Vale PNA cedia 0,39%, Petrobras PN declinava 0,95% e Banco do Brasil ON perdia 4,5%.
Segundo a Itaú Corretora, o Índice Bovespa continua em uma região de indefinição no curto prazo, encontrando forte suporte em 51.700 pontos. Abaixo deste, o índice ganhará força para acelerar o movimento de queda, entrando em tendência de baixa com objetivo em 49.500 pontos. Do lado da recuperação, o Ibovespa possui próxima resistência em 53.000 pontos, no gráfico intraday. Acima desta, poderá estender o retorno e buscar 54.000 pontos e 54.600 pontos – forte resistência.
Do lado positivo, operadores dizem que as ações dos bancos aproveitam uma notícia importante para recompor preços. O governo editou a Medida Provisória (MP) 627, que revoga o regime tributário de transição e altera a tributação sobre o lucro de controladas e coligadas no exterior. O governo incluiu, na MP, três novos incentivos para que bancos e empresas participem do Refis criado no mês passado.
No caso dos bancos, que rejeitam a inclusão da receita de intermediação financeira como base de cálculo para incidência de PIS e Cofins, o governo decidiu ampliar para 100% dos juros e de todas as multas o perdão em caso de pagamento à vista dos valores em disputa. No texto anterior, haveria 100% de desconto para a multa de mora, 80% para as multas isoladas, de 45% nos juros de mora e de 100% no encargo legal. Agora, o desconto será integral.
Os papéis da OSX eram negociados em alta, de 23%. A companhia do empresário Eike Batista teria, segundo fontes consultadas pelo Valor, feito o pedido de recuperação por meio de distribuição por dependência ao processo já apresentado pela OGX, que é a petroleira da holding.
Nos Estados Unidos, o Dow Jones, Nasdaq e S&P 500 oscilavam perto da estabilidade.
Fonte: Valor Econômico Link: http://goo.gl/qJX487 Autor: Alexandro Martello Data de publicação: 12/11/2013 |