A nomeação de Nelson Barbosa para comandar o Ministério da Fazenda no lugar de Joaquim Levy não foi bem recebida pelo mercado, o que refletiu-se na forte alta do dólar na sessão desta segunda-feira (21/12), dia em que a moeda ultrapassou os R$ 4, na maior cotação de fechamento desde setembro. Apesar dos esforços do novo ministro da Fazenda no sentido de tentar ganhar a confiança dos investidores, prevaleceu a percepção de que, sem Levy, o governo pode deixar de lado a austeridade fiscal e, com o objetivo de reaquecer a economia, pode enveredar para os moldes da “nova matriz macroeconômica” implementada por Guido Mantega no primeiro mandato de Dilma Rousseff. Na visão do mercado, por ser mais alinhado à presidente, Barbosa pode adotar uma estratégia mais expansionista em sua gestão à frente da Fazenda.
O dólar à vista no balcão terminou o dia negociado a R$ 4,0163, em alta de 1,39% – maior valor de fechamento desde 29 de setembro deste ano (R$ 4,0630). Na cotação máxima do dia, a moeda alcançou R$ 4,0408, em alta de 2,00%, depois de o novo ministro da Fazenda encerrar sua participação em teleconferência de apresentação para investidores nacionais e estrangeiros. Na mínima, a divisa marcou R$ 3,9644 (+0,08%), logo após a abertura. Na BM&FBovespa, o dólar para janeiro era negociado a R$ 4,0330 (+0,89%) às 17h36.
A pressão de alta sobre o dólar à vista prevaleceu desde a abertura. Havia expectativa pela teleconferência de apresentação de Barbosa a investidores no fim da manhã, mas ainda que o ministro tenha feito um discurso muito alinhado à política implementada por seu antecessor, não foi suficiente para convencer o mercado. Foi só a teleconferência acabar para o dólar renovar máximas sucessivas, até bater os R$ 4,0408 (+2,00%).
“Afinal, se a intenção é persistir na mesma linha de austeridade, absolutamente necessária para o país nesta fase de caos na economia e em especial na política fiscal, não há justificativa para a troca de ministro”, avalia o diretor da NGO Corretora, Sidnei Moura Nehme. Para o economista, o ajuste fiscal é o único caminho para que o país possa estabelecer um programa crível de retomada do desenvolvimento sustentável a partir de 2017 ou 2018.
No mercado de câmbio internacional, o dólar opera com ligeira queda em relação às principais moedas, com muitos investidores preferindo não tomar posição à frente das festas de fim de ano e à espera pela divulgação do Produto Interno Bruto (PIB) dos Estados Unidos, amanhã. Há pouco, a moeda caia a 121,15 ienes, enquanto o euro avançava a US$ 1,0912.
Fonte: Época Negócios |