Ibovespa encerra sequência de 3 altas puxado por bancos; dólar cai 2%

Apesar de alta de Petrobras e fortes ganhos da Vale, índice perde os 54 mil pontos com pressão negativa de bancos, exportadoras e frigoríficos

SÃO PAULO O Ibovespa fechou em queda nesta terça-feira (14), encerrando a sequência de três altas dos últimos pregões. Apesar da forte alta da Vale, a queda de bancos, frigoríficos e exportadoras trouxe pressão negativa ao índice. Lá fora, as bolsas dos EUA ficaram com leves ganhos, enquanto as europeias fecharam em queda após atingirem máximas históricas na última sessão.

O benchmark da Bolsa caiu 0,48%, a 53.981 pontos. Para o analista da Spinelli, Elad Revi, a Bolsa se movimenta refletindo questões pontuais em mais um dia no qual o cenário macroeconômico tem poucas novidades. Para ele, o principal driver de queda era a mudança da perspectiva dos grandes bancos brasileiros de neutra para negativa. O giro financeiro na Bovespa foi de R$ 6,787 bilhões.

Já o dólar comercial teve queda de 1,97%, a R$ 3,0623 na compra e a R$ 3,0630 na venda. O recente movimento de perdas da moeda pode não seguir por muito mais tempo, é o que ressalta o analista da câmbio da NGO Corretora, Sidnei Nehme.

Segundo ele, o nível de equilíbrio da moeda está entre R$ 3,05 e R$ 3,10, o que limita o potencial de queda em relação ao atual patamar. “O nosso mercado de câmbio opera, após uma fase de volatilidade mais intensa causada por fatores internos, focando a busca de um preço de equilíbrio para a moeda americana, fundamental para a dinamização dos negócios da nossa economia nos setores dependentes, mas surgiu intempestivamente forte pressão externa de valorização do dólar que acabou determinando uma correção relevante no preço das moedas emergentes e mais moderada nas demais moedas”, destaca Nehme.

Ações em destaque

O principal destaque negativo foi o setor financeiro. Os bancos voltaram a ser pressionados e registraram queda nesta sessão, com exceção dos papéis PN do Bradesco. Destaque para o Itaú Unibanco (ITUB4), Bradesco (BBDC3; BBDC4) e Banco do Brasil (BBAS3), este último com uma queda menos expressiva.

No radar das instituições financeiras nos últimos dias, os destaques foram para os rumores de um possível aumento da CSLL para os bancos para garantir o ajuste fiscal, passando de 15% para 17%, e a perspectiva de que as instituições, apesar de resilientes, sofram com o cenário de contração econômica. Ontem, a Fitch Ratings fez revisão e coloca BNDES e bancos brasileiros sob risco de rebaixamento.

Outro setor em baixa foi o das empresas exportadoras de papel e celulose. O Santander revisou o setor com a Klabin (KLBN11) sendo rebaixada de compra para manutenção pelo banco, enquanto o preçoalvo foi elevado de R$ 18 para R$ 20. Já a Fibria (FIBR3) tem recomendação underperform (desempenho abaixo da média do mercado), enquanto o preçoalvo foi elevado de R$ 26 para R$ 40. Já a Suzano (SUZB5) teve a recomendação elevada de manutenção para compra, enquanto o preçoalvo subiu de R$ 10,50 para R$ 17,00.

Na ponta positiva, ações da Petrobras (PETR3; PETR4) fecharam em alta. Em destaque, após muita especulação após a data de divulgação do balanço, a estatal informou na segunda-feira que seu Conselho de Administração vai se reunir no dia 22 de abril para apreciar as demonstrações contábeis auditadas do 3º trimestre e do ano de 2014, ambas com publicação atrasada em meio a investigações sobre esquema de corrupção envolvendo a estatal.

De acordo com o analista da Guide Investimentos, Luis Gustavo Pereira, a tendência da petroleira é realmente permanecer volátil, uma vez que muito da alta é baseado é baseado em expectativas de balanço, sem ter muito de concreto. Além disso, os papéis subiram 50% em 30 dias, de modo que alguma realização é esperada.

“A companhia espera divulgar essas demonstrações contábeis ao mercado, após a decisão do Conselho de Administração”, disse em fato relevante. Segundo o jornal Folha de S. Paulo, a PwC já está auditando balanço da Petrobras e, de acordo com informações do Valor Econômico, a companhia pode usar dois tipos de ajustes e as estimativas apuradas indicam um intervalo entre R$ 14 bilhões e R$ 28 bilhões de impacto total.

Quem teve forte alta foi a Vale (VALE3; VALE5). Nesta terça-feira, o conselho de administração da Vale deve analisar proposta da diretoria executiva de pagamento da primeira parcela de remuneração mínima aos acionistas, no valor total bruto de US$ 1 bilhão, conforme já anunciado em 30 de janeiro. A remuneração será paga integralmente sob a forma de JCP e refere-se à antecipação da destinação do resultado e reservas de 2015.

Ontem os papéis caíram prejudicadas por três relatórios traçando cenários negativos para o futuro da mineradora. O UBS cortou a recomendação das ações da Vale de neutra para venda, a S&P disse que o minério de ferro deveria se manter a níveis baixos por mais dois anos e o Citi Group disse que via o minério a US$ 40 no fim de 2015.

Indicadores

As vendas no varejo brasileiro caíram 0,1% em fevereiro na comparação com janeiro e tiveram queda de 3,1% na comparação com um ano antes, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta terça-feira.
A expectativa em pesquisa da Reuters era de que as vendas subiriam 0,30% em fevereiro na comparação mensal, segundo a mediana de 25 projeções que foram de queda de 1,0% a alta de 1,24%.

Os investidores ainda observam com atenção a sabatina de novos diretores do Banco Central no Senado e falas do presidente da autarquia, Alexandre Tombini, em evento em São Paulo.

Bolsas europeias realizam

O principal índice de ações europeias fechou em queda nesta terça-feira, após renovação de preocupações em relação à Grécia ofuscar qualquer impacto positivo de notícias sobre um acordo entre Nokia e AlcatelLucent. O índice FTSEurofirst 300, que reúne as principais ações europeias, fechou em queda de 0,45%, aos 1.639 pontos.

Uma recuperação do euro durante a sessão também levou investidores a embolsarem lucros recentes nas ações de exportadores. As ações da produtora de bens de luxo LVMH recuaram 2,5% e as da fabricante de aeronaves Airbus perderam 2,6%.

Os papéis da fabricante de equipamentos de telecomunicações francesa Alcatel saltaram 16 por cento depois que Nokia e Alcatel anunciaram que estão em negociações avançadas para que a primeira compre a segunda. As ações da Nokia recuaram 3,6%. O gestor de fundos da Clairinvest IonMarc Valahu demonstrou ceticismo em relação ao acordo proposto.

“São dois dos players mais fracos na indústria. Eles podem sair com alguns cortes de custos, mas só porque você combina um player fraco com outro player fraco não necessariamente significa que vai acabar com um player mais forte”, disse Valahu.

O acordo somou-se a uma recente onda de atividades de fusões e aquisições que tem ajudado a elevar as ações europeias. Entretanto, não foi suficiente para impulsionar os mercados acionários europeus em geral.

Os investidores se assustaram com uma notícia dizendo que a Grécia está se preparando para dar default da dívida se não alcançar um acordo com seus credores até o fim do mês. A Grécia negou a notícia do Financial Times, e afirmou que as negociações estão avançando “rapidamente” na direção de uma solução.

Já as ações chinesas se esforçaram para sustentar outra máxima de sete anos nesta terça-feira um dia antes de o país publicar atualizações sobre o crescimento econômico, enquanto boa parte das bolsas asiáticas tomou fôlego após fortes ganhos. O banco central chinês continuou a afrouxar lentamente sua política monetária, guiando as taxas do mercado monetário de curto prazo para baixo pela quinta vez desde o Ano Novo Lunar em fevereiro.

O gigante asiático divulgará os números do Produto Interno Bruto (PIB) do primeiro trimestre na quarta-feira, e há riscos de que eles podem decepcionar após notícias ruins sobre comércio nesta semana.

A cautela se estabeleceu após um salto no começo da sessão e as ações em Xangai fecharam com alta de 0,3%, tendo subido quase ininterruptamente por mais de cinco semanas até agora. A bolsa em Hong Kong, que tocou uma máxima de sete anos na segunda-feira e avançou 12% nas últimas cinco sessões, teve queda de 1,6%. 

De modo parecido, o índice japonês Nikkei oscilou perto dos 19.900 pontos, tendo enfrentado dificuldades para se manter acima da barreira dos 20 mil pontos.

Ao mesmo tempo, nos mercados de commodities, os metais como minério de ferro caíam diante de expectativas de menor crescimento da China enquanto o petróleo registrava valorização após o governo dos EUA dizer que o boom do xisto está se esgotando.

Fonte: InfoMoney
Link: http://goo.gl/sySR8N
Autor: Ricardo Bomfim / Rodrigo Tolotti Umpieres
Data de publicação: 14/04/2015

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