O dólar renovou a máxima em 12 anos no pregão de ontem. Moeda à vista fechou a R$ 3,4798
O dólar voltou a renovar a máxima em 12 anos no pregão de ontem. A moeda à vista, referência no mercado financeiro teve alta de 0,8%, para R$ 3,4798. O dólar comercial – usado em transações no comércio exterior- subiu 0,31%, para R$ 3,465. A cotação foi influenciada por afirmação de um diretor do Fed (banco central norte-americano) de que os Estados Unidos deve subir os juros em setembro.
Em entrevista ao Wall Street Journal, Dennis Lockhart, diretor do Fed de Atlanta, disse que a economia dos Estados Unidos teria de sofrer “uma deterioração significativa” para não apoiar uma alta dos juros em setembro.
“Lockhart é considerado centrista. Se mesmo ele já defende um aumento de juros em setembro, é provável que o Fed comece a elevar a taxa no próximo mês”, afirma Luis Gustavo Pereira, estrategista da Guide Investimentos. A taxa básica nos EUA está em seu menor patamar histórico, entre zero e 0,25% ao ano, desde 2008 – uma medida para conter os efeitos da crise.
O aumento dos juros nos EUA deixaria os títulos do Tesouro americano – cuja remuneração acompanha essa taxa e que são considerados de baixíssimo risco – mais atraentes do que aplicações em emergentes, como o Brasil, provocando uma saída de recursos dessas economias. Com a menor oferta de dólares, a cotação do dólar seria pressionada para cima.
Para Sidnei Nehme, economista e presidente da NGO Corretora, porém, é prematuro falar em um aumento de juros neste ano. “Você nota que sai um dado positivo da economia e depois outro negativo. Os EUA estão com sinais fortes de recuperação. Se subirem os juros, valorizam o dólar. Com isso, a atividade exportadora perde atratividade e as importações podem aumentar”.
Outro fator decisivo no movimento da moeda foi a retomada das votações no Congresso de projetos que podem causar impactos fiscais negativos para o Governo, prejudicando o ajuste.
Congresso
Entre essas medidas estão a que revê a desoneração da folha de pagamento e a que amplia a correção do saldo do FGTS para os depósitos feitos a partir de 2016. Há também a possibilidade de votação de outras pautas-bomba, após o rompimento do presidente da Câmara, Eduardo Cunha, com o Governo.
Caso as medidas que comprometem o ajuste fiscal sejam aprovadas, cresce a chance de o país perder o selo de bom pagador concedido por agências de classificação de risco. E isso pressionaria ainda mais a cotação da moeda americana no Brasil, em um contexto em que o Banco Central já deixou claro que não vai fazer intervenções no mercado cambial para conter a alta da divisa.
Bolsa de valores
A queda das ações do Itaú e de outros bancos levou o Ibovespa a cair ontem. Os papéis do Itaú tiveram desvalorização de 2,41%, após o banco informar aumento do calote. “Gostamos do resultado, mas a inadimplência traz um pouco de cautela, o que acabou contaminando outras ações, como as do Banco do Brasil”, afirma Luis Gustavo. (das agências)
Fonte: O Povo Link: http://goo.gl/4waeQm Data de publicação: 05/08/2015 |