Dólar sobe após dados de trabalho nos EUA e fluxo cambial no Brasil

Os dados positivos do mercado de trabalho nos Estados Unidos aliados à divulgação de um fluxo cambial negativo em 2013, que marcou o pior resultado desde 2002, levaram o dólar a registrar mais um dia de alta frente ao real. A moeda americana subiu 0,50% e encerrou a R$ 2,39, acompanhando o movimento de valorização do dólar no exterior. Já o contrato futuro para fevereiro avançava 0,79%, cotado a R$ 2,407, acelerando a alta após a divulgação da Ata da reunião de dezembro do Comitê de Política Monetária do Federal Reserve

Os dados positivos do mercado de trabalho nos Estados Unidos aliados à divulgação de um fluxo cambial negativo em 2013, que marcou o pior resultado desde 2002, levaram o dólar a registrar mais um dia de alta frente ao real.

A moeda americana subiu 0,50% e encerrou a R$ 2,39, acompanhando o movimento de valorização do dólar no exterior.

Já o contrato futuro para fevereiro avançava 0,79%, cotado a R$ 2,407, acelerando a alta após a divulgação da Ata da reunião de dezembro do Comitê de Política Monetária do Federal Reserve (Fomc, na sigla em inglês). A ata mostra que a maioria dos integrantes do Federal reserve (Fed, banco central americano) apoiou a decisão de reduzir os estímulos monetários em US$ 10 bilhões a partir de janeiro, diante de uma melhora do mercado de trabalho e de baixa inflação.

Mais cedo, os juros dos Treasuries de 10 anos chegaram a superar 3,001%, após a divulgação de dados fortes do mercado de trabalho no setor privado nos Estados Unidos.

Em dezembro, foram criadas 228 mil vagas , segundo levantamento divulgado hoje pela Automatic Data Processing (ADP), acima da estimativa dos analistas, que era de uma criação de 200 mil postos de trabalho.

Os investidores veem esses dados como uma prévia do relatório de emprego (payroll) que será divulgado na sexta-feira.

Lá fora, o Dollar Index, que acompanha o desempenho da divisa americana frente a uma cesta de moedas, subia 0,35%.

A lira turca e o rand sul-africano lideravam as perdas frente ao dólar, com queda de 0,85% e 1,40% respectivamente.

No mercado interno, apesar da retomada das captações das empresas brasileiras no exterior, as saídas de recursos continuam predominando.

O fluxo cambial encerrou o ano passado com saldo negativo em US$ 12,261 bilhões, o pior resultado desde 2002, quando foi registrado déficit de US$ 12,989 bilhões, segundo dados divulgados hoje pelo Banco Central. Em dezembro, o fluxo cambial ficou negativo em US$ 8,780 bilhões, o pior resultado desde setembro de 1998 e a maior saída para o mês de dezembro da série histórica do Banco Central iniciada em 1982.

O resultado no ano passado foi impactado principalmente pelas saídas registradas na conta financeira, que somaram US$ 23,396 bilhões, contra uma entrada líquida de US$ 8,380 bilhões em 2012. Esse é o pior resultado desde 2008, quando houve uma saída de US$ 48,883 bilhões da conta financeira em meio à crise financeira global.

Já as operações de câmbio contratado para operações comerciais houve um crescimento de 33% em relação a 2012, somando US$ 11,136 bilhões.

Em janeiro, até o dia 3, o fluxo cambial estava negativo em US$ 480 milhões, resultado de uma saída líquida de US$ 246 milhões da conta financeira e de um déficit de US$ 234 milhões da conta comercial.

O diretor-executivo e economista da NGO Corretora, Sidnei Nehme, afirma que a tendência é de o fluxo cambial continuar negativo neste ano, diante de um quadro de baixa atratividade da economia brasileira, com crescimento econômico menor, quadro fiscal mais deteriorado e inflação ainda alta. “Esse cenário pressupõe menor liquidez e encarecimento do custo de captação para as empresas brasileiras”, afirma Nehme.

Com o fluxo cambial negativo, os bancos encerram dezembro com posição líquida vendida em dólares no mercado à vista de US $ 18,124 bilhões, a maior posição vendida da série histórica do BC, que inicia em 1994.

Para Nehme, como não há uma tendência de reversão desse quadro no curto prazo, os bancos tendem a reduzir essa posição vendida, com o Banco Central podendo ter que atuar no mercado à vista para suprir a demanda por dólares no mercado.

O Banco Central garantiu a liquidez para o mercado no ano passado por meio da oferta de leilões de linha de dólar com compromisso de recompra. Em dezembro o BC liquidou a venda de US$ 3,3 bilhões por meio de leilão de linha. Em janeiro, até o dia 3, o BC recomprou US$ 2,460 bilhões dos bancos.

No ano passado, o BC ofertou US$ 14,786 bilhões por meio de leilões de linha de dólar do programa de intervenção diária no mercado de câmbio, lançado em 22 de agosto de 2013. Neste ano, o programa passou por um ajuste e os leilões de linha só serão realizados quando houver necessidade de prover liquidez para o mercado.

Hoje o BC vendeu todos os 4 mil contratos de swap cambial tradicional ofertados em leilão nesta quarta-feira, movimentando US $ 199,2 milhões. A liquidação da venda dos papéis está prevista para amanhã, quinta-feira, dia 9. Os contratos vencem em 2 de maio.


Fonte: Valor Econômico
Link: http://goo.gl/THhxVb
Autor: Silvia Rosa
Data de publicação: 08/01/2014

 

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