SÃO PAULO – O dólar fechou em alta frente ao real pelo segundo dia consecutivo, acompanhando o movimento da moeda americana no exterior, após dados melhores que o esperado nos Estados Unidos e dúvidas no mercado doméstico sobre a capacidade do governo de promover o ajuste fiscal. A moeda americana subiu 0,50%, encerrando a R$ 2,8841, maior patamar desde 16 de setembro de 2004. Já o contrato futuro para março subia 0,90% para R$ 2,902.
O mercado local acompanhou o movimento de alta do dólar no exterior frente às principais divisas su stentado por dados melhores que o esperado nos Estados Unidos. O salto de 2,8% nas encomendas de bens duráveis em janeiro nos Estados Unidos veio muito acima da previsão de alta de 0,6% dos analistas e deu fôlego às apostas de que o Federal Reserve segue firme no propósito de elevar os juros nos EUA neste ano. O dado ofuscou a queda no índice de preços ao consumidor americano no mês passado, que mostrou inflação persistentemente baixa.
No mercado local, os investidores já começam a discutir se o Banco Central deve rolar o lote de linha de dólar com compromisso de recompra ofertado em dezembro. Em dezembro de 2014, o BC ofertou US$ 3 bilhões em linha de dólar com vencimento para março de 2015. Não se sabe se ele chegou a vender todo o lote, mas há um volume total de US$ 10,3 bilhões em linha de dólar referente às vendas dos leilões realizados em dezembro que vence até julho. Desse total, o BC já comprou US$ 800 milhões, restando US$ 9,5 bilhões a serem renovados.
Segundo o diretor de câmbio da corretora NGO, Sidnei Nehme, dada que a tendência não é de um grande aumento do fluxo cambial, em função da piora da perspectiva para a economia brasileira, os bancos terão que tomar empréstimos com bancos lá fora para devolver esses dólares para o BC ou a autoridade monetária será obrigada a renovar essas linhas. “É conveniente para o BC que os bancos tomem linhas lá fora para devolver esses dólares, uma vez que as linhas tem impacto nas reservas até o BC recompralas.”
No entanto, a posição vendida em dólares dos bancos no mercado à vista de câmbio já é elevada e somava US$22,417 bilhões e não há muita disposição das instituições financeiras em ampliar essa posição. “Os bancos teriam q ue tomar linhas lá fora se o fluxo cambial não melhorar. Mas o Brasil hoje não tem atratividade para atrair o capital externo, a despeito da taxas de juros elevadas, e , portanto, a tendência não é do fluxo aumentar”, afirma Nehme. Nesse cenário, o diretor da NGO espera uma taxa de câmbio de R$ 3,20 para o fim do ano.
Fonte: Valor Econômico Link: http://goo.gl/M8kFcH Autor: Silvia Rosa Data de publicação: 26/02/2015 |