Apesar das tentativas do governo brasileiro de conter o avanço do dólar, a moeda americana segue em disparada. O cenário pode se complicar se o comitê de política monetária do Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos), que se reúne nesta quarta-feira, decidir reduzir estímulos à economia.A cada mês, o governo Obama injeta US$ 85 bilhões no país por meio da compra de títulos públicos.
Apesar das tentativas do governo brasileiro de conter o avanço do dólar, a moeda americana segue em disparada. O cenário pode se complicar se o comitê de política monetária do Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos), que se reúne nesta quarta-feira, decidir reduzir estímulos à economia.
A cada mês, o governo Obama injeta US$ 85 bilhões no país por meio da compra de títulos públicos. A expectativa de que a instituição passe a gastar menos na aquisição desses papéis tem influenciado mercados ao redor do mundo.
No Brasil, o câmbio passou a subir com mais força no final de maio, quando o ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou que o dólar mais alto não preocupava, pois o país ficava mais competitivo em termos de exportação. A frase aumentou a pressão.
De lá para cá, a moeda americana tem se valorizado e atingindo patamares cada vez mais altos. No início da manhã desta terça-feira, o dólar voltou a ultrapassar a maior cotação em quatro anos: R$ 2,18. Foi quando o Banco Central (BC) fez um leilão de swap cambial, que equivale à venda de dólares no mercado futuro. O efeito passou rápido. Pouco depois, o BC teve de fazer outro leilão. Em 20 dias, já foram necessárias oito intervenções.
Especialistas, no entanto, avaliam que as medidas do governo não conseguirão impedir o avanço do dólar, que ontem fechou em R$ 2,1780, no mercado à vista do BC.
– As operações do BC têm efeito muito curto. Pode suavizar a alta do dólar, mas não interrompe a tendência de valorização caso o Fed confirme a redução de estímulos – afirma Nathan Blanche, da Tendências Consultoria.
O Ministério da Fazenda agora tem trabalhado para reduzir o impacto do câmbio, principalmente devido ao efeito que a moeda americana tem na inflação – já no teto da meta. Primeiro, zerou o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) para aplicações de capital estrangeiro em renda fixa e, após, para o mercado de câmbio futuro.
– O câmbio tem impacto rápido na inflação, enquanto o efeito da elevação do juro é lento para conter o avanço de preços. Isso preocupa – avalia Sidnei Nehme, da corretora de câmbio NGO.
A pergunta de um milhão de dólares
Até sexta-feira passada, especialistas em projeções econômicas previam que o dólar chegaria a R$ 2,07 no final do ano. Perguntados agora, provavelmente elevariam esse valor. Prever o comportamento do câmbio é a pergunta de um milhão. Boa parte do futuro das contas dos brasileiros depende de um senhor careca e barbudo que não obedece nem ao homem considerado o mais poderoso do planeta, Barack Obama, presidente dos Estados Unidos. Ben Bernanke, presidente do Federal Reserve, o Fed, banco central dos EUA, deve dar hoje um sinal que o mundo espera inquieto: quanto vai diminuir a oferta de dólares na economia global. Afinal, até o dólar responde à lei de oferta e de demanda: quanto menos tem, mais caro fica.
A injeção de dólares no mercado foi muito criticada fora dos EUA porque, com a moeda desvalorizada, o país exportava com mais facilidade. Foi um dos mecanismos chamados pela presidente Dilma Rousseff de “tsunami monetário”. A intenção foi incentivar produção e consumo. Isso fez a economia americana, abalada pela maior recessão em 70 anos, crescer mais do que a brasileira em 2012.
O custo é o risco de inflação. Agora, o Fed precisa calibrar a manobra de saída para enxugar o excesso sem provocar seca. Terá como norte sua vantagem comercial: não valorizar demais o dólar para não perder competitividade. Nos EUA, o Fed tem o chamado duplo mandato – tem de equilibrar controle da inflação com oferta de emprego – e independência do governo. Ou seja, pode não obedecer Obama, mas é orientado pelos interesses da economia americana.
Diferentes cotações
O dólar é negociado em locais diversos e com objetivos variados, o que interfere em seu valor
Turismo
Dólar comprado em bancos ou casas de câmbio para uso em viagens ao Exterior. A cotação é usada na aquisição de passagens aéreas internacionais, gastos fora do país e também na conversão das despesas efetuadas em moeda estrangeira e pagas com cartão de crédito ou de débito – neste caso, é possível travar a cotação no momento da contratação.
Ptax
Média aritmética feita a partir de consultas feitas pelo Banco Central aos operadores de câmbio – instituições financeiras que efetuam negócios reais – com base em operações de mercado entre 10h e 13h. Serve de referência para liquidação de contratos que envolvem câmbio.
Na BM&F
Na bolsa de mercadorias e futuros, há dois tipos de negociação com dólar. As transações à vista, também chamadas de dólar pronto, são quitadas em dois dias (liquidação). Há, ainda, contratos futuros de dólar, que representam operações de compra ou venda de dólar americano em data prefixada, por preço preestabelecido. São realizadas principalmente por investidores e empresas que querem diminuir riscos de uma oscilação muito forte da moeda.
Comercial
Para empresas, operações de importação e exportação de mercadorias têm cotação específica. Movimentações do governo no Exterior e empréstimos de brasileiros residentes fora do país também utilizam essa cotação como referência. O valor é definido pelo mercado, embora o Banco Central costume intervir para evitar grandes oscilações.
Compra e venda
A taxa de venda é o preço cobrado pelo banco ou casa de câmbio para entregar moeda estrangeira em troca da nacional. A taxa de compra é o preço que o banco paga pela divisa estrangeira ofertada.
Ou seja, apesar de parecer estranho, você compra a moeda pela cotação de venda, mais alta, e vende pela de compra, que é mais baixa. Na diferença entre as duas estão embutidos o ganho e os custos do intermediário.
Fonte: Zero Hora Link: http://migre.me/f5GoA Autor: Cadu Caldas Data de publicação: 18/06/2013 |