Revertendo a tendência apresentada pela manhã, o dólar fechou o dia em queda de 1,20%, cotado a R$ 5,084 na venda. É o menor valor alcançado em mais de cinco meses, desde 18 de dezembro, quando a moeda americana encerrou a sessão vendida a R$ 5,083.
Com o desempenho de hoje, o dólar acumula desvalorização de 2,02% frente ao real em 2021 — resultado muito puxado pelos números do mês passado, quando a moeda americana somou perdas de 3,81%.
Já o Ibovespa emendou sua sexta alta consecutiva, esta de 1,04%, renovando seu recorde nominal (sem considerar a inflação) e chegando aos 129.601,44 pontos. No ano, o principal índice da Bolsa de Valores brasileira (B3) soma ganhos de 8,89%.
O valor do dólar divulgado diariamente pela imprensa, inclusive o UOL, refere-se ao dólar comercial. Para quem vai viajar e precisa comprar moeda em corretoras de câmbio, o valor é bem mais alto.
A expectativa do mercado segue concentrada na divulgação, nos próximos dias, de novos dados econômicos dos Estados Unidos, com destaque para um importante relatório sobre o emprego previsto para sexta-feira (4).
Indicadores com resultados positivos podem elevar as apostas dos investidores num aperto monetário precoce por parte do Fed (Federal Reserve, o Banco Central americano), à medida que o país deixa para trás a crise gerada pela pandemia.
Os agentes financeiros “buscam entender se o crescimento acelerado trazido por dados irá se traduzir em uma pressão sobre os preços persistente o suficiente para que os bancos centrais sejam obrigados a iniciar o processo de retirada de estímulos”, segundo explicou à Reuters Victor Beyruti, economista da Guide Investimentos.
Cenário doméstico ajuda
Além dos fatores internacionais, analistas também têm chamado a atenção para uma percepção melhor sobre o cenário doméstico, que contribuiu para esta queda acentuada registrada pelo dólar nos últimos dias.
“Há sinais ainda discretos de retomada da atividade econômica no Brasil — o PIB do 1º trimestre aponta nesta direção — e, com o novo perfil de atuação do BC, fazendo a correção da taxa de juros, compatibilizando-a com a realidade brasileira e aos parâmetros inflacionários presentes, o preço do dólar começa a devolver a exacerbação havida na formação do seu preço”, disse Sidnei Nehme, economista e diretor-executivo da NGO Corretora.
Dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulgados ontem mostraram que o PIB (Produto Interno Bruto) do Brasil cresceu 1,2% entre janeiro e março, terceiro trimestre seguido de ganhos, e voltou ao patamar do quarto trimestre de 2019, período pré-pandemia. Mesmo assim, vários riscos continuam no radar.
“O sentimento é de que o país deseja ‘viver o momento presente’ sem os temores do que está por vir, como a probabilidade de termos uma terceira onda da pandemia de coronavírus, ou mesmo uma crise hídrica, que teria forte impacto na atividade econômica”, completou Nehme, também alertando para a chance de valorização internacional do dólar no caso de uma política monetária mais dura nos EUA.
“Mesmo o cenário político brasileiro (…) parece ter consideração menor do mercado financeiro neste momento. As vulnerabilidades continuam no radar e é temerário não considerá-las como factíveis.” – Sidnei Nehme, economista e diretor-executivo da NGO Corretora, à Reuters.
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Fonte: UOL Economia Autor: Redação com Reuters Link: economia.uol.com.br/fechamento-dolar-ibovespa-2-junho Data de publicação: 02/06/2021 |