“Não há razoabilidade na omissão do BC com leilões de linhas no mercado de câmbio à vista.” |
O Banco Central não fez ontem e nem programou para hoje leilões de linha com recompra no mercado cambial. Mas, os agentes financeiros afirmam que as saídas de investidores estrangeiros do País estão tendo continuidade e ajudam a nutrir o avanço do dólar ante o real, embora o principal catalisador desse ajuste seja atribuído por eles à aversão ao risco nos mercados internacionais.
Um dos instrumentos que servem de referência para essa avaliação pelos investidores é a taxa do FRA de cupom cambial – tipo de derivativo cambial ligado aos juros em dólar – e também o comportamento do mercado de dólar casado – que apura a diferença em pontos entre o valor do dólar à vista e o do contrato futuro mais curto, que neste caso é o que vence em 2 de janeiro de 2019.
No caso do mercado de FRA, o contrato mais líquido em negociação é o de fevereiro de 2019, que, há pouco, mostrava taxa de 3,95%, após ter fechado ontem em 3,90%, também acima da taxa de 3,87% do encerramento de terça-feira, informa o estrategista da Tullet Prebon Brasil, Vinícius Alves. “O Banco Central está dado liquidez a conta-gotas, mas com o cupom cambial pressionado a expectativa é de que irá fazer novos leilões”, diz.
O diretor da Correparti, Jefferson Rugik, diz que o fluxo de saída de capitais estrangeiros do País em dezembro costuma ser cinco vezes maior do que o normal em outros meses do ano. “Como exemplo, ontem, tivemos uma saída de US$ 300 milhões de duas multinacionais, que fizeram remessas de lucros e dividendos ao exterior, o que em um dia de liquidez reduzida pelo fechamento dos mercados norte-americanos contribuiu para potencializar a alta do dólar frente o real”, afirma.
Rugik diz que, no mercado de dólar casado de balcão, que define a liquidez do curto prazo, a taxa era negociada mais cedo hoje em torno de 3,80 pontos, mesmo nível do fechamento de ontem. Segundo ele, desde segunda-feira (início de dezembro), a maior diferença na taxa do casado foi de 5 pontos na terceira casa do preço do dólar à vista em relação ao dólar futuro de janeiro. Já a menor diferença, de 2 pontos, foi vista no fim de novembro, nos dias em que o dólar aqui ultrapassou os R$ 3,90 sem pressão do exterior. De acordo com o AE Dados, no fim do mês passado, o dólar à vista subiu acima dos R$ 3,90 durante a sessão nos dias 26 e 27 de novembro, quando atingiu máximas intraday de, respectivamente, R$ 3,9252 e R$ 3,9250.
A taxa do casado segue alta e mostra ainda demanda por dólar à vista em meio às saídas de capitais do país típicas do período, mas que estão sendo reforçadas neste ano pelas tensões internacionais e o desconforto dos investidores diante das incertezas em relação a reforma da Previdência no futuro governo de Jair Bolsonaro, avalia o operador de câmbio José Carlos Amado, da corretora Spinelli.
Fonte: Broadcast
Publicado: 06 de dezembro de 2018