SÃO PAULO Depois de operar em queda durante a manhã, o dólar fechou em alta frente ao real diante de notícias de que o governo terá dificuldade para aprovar o projeto de lei referente à Medida Provisória publicada nesta terça-feira que permite a repatriação de recursos de brasileiros no exterior que não foram declarados à Receita Federal. Apesar do mercado não esperar que um grande volume de recursos retorne ao Brasil, a dificuldade de aprovação da medida aumenta as dúvidas sobre o ajuste fiscal.
O dólar comercial subiu 0,25% cotado a R$ 3,1386, descolando do movimento de desvalorização da moeda americana no exterior. Já o euro subia 0,13% cotado a R$ 3,4511. No mercado futuro, o contrato para agosto recuava 0,05%.
A moeda americana chegou a cair durante a manhã, atingindo a mínima de R$ 3,1149 após a divulgação de dados fracos de vendas no varejo nos Estados Unidos. Investidores aproveitaram a queda para recompor as posições na moeda americana.
Além disso, a declaração do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), de que não votará a proposta do senador Randolfo Rodrigues (PSOLAP), base da Medida Provisória publicada hoje que prevê a repatriação de dinheiro não declarado enviado ao exterior, também contribuiu para a alta da moeda americana.
Para Cunha, o governo deveria enviar um projeto de lei próprio sobre o tema com urgência constitucional.
O governo tem urgência na aprovação da medida. Esses recursos seriam utilizados na criação de dois fundos para compensar os Estados de perdas com a reforma do ICMS. Estudo do Banco Mundial aponta que os brasileiros mantêm US$ 500 bilhões no exterior não declarados. Estimativas indicam que até US$ 100 bilhões poderiam voltar ao país, e o governo prevê recolher entre R$ 20 bilhões a R$ 25 bilhões com a medida. Mas analistas não acreditam que esses recursos serão repatriados. “O dinheiro que está lá fora ou é ilegal ou é usado como proteção de uma piora do cenário no Brasil”, afirma Paulo Petrassi, sócio e gestor da Leme Investimentos.
Para o diretor de câmbio da corretora NGO, Sidnei Nehme, a Medida Provisória foi criada abruptamente e não oferece a segurança jurídica para que esses recursos retornem ao Brasil. “O momento não é adequado para trazer o dinheiro para o Brasil. Pode-se questionar a origem desses recursos”, afirma.
Pela proposta quem repatriar o dinheiro será tributado em 17,5% além de pagar uma multa, totalizando 35% do patrimônio que for regularizado. A dificuldade na aprovação da medida contribui para aumentar as dúvidas sobre
o ajuste fiscal.
O ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, afirmou nesta terça-feira , durante audiência na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado, que, ao menos por enquanto, a meta de superávit primário do governo
continua em 1,1% do PIB. De acordo com ele, o governo deve se manifestar sobre eventuais mudanças na meta na próxima semana.
Lá fora, o Dollar Index, que acompanha o desempenho da moeda americana frente a uma cesta com as principais divisas, recuava 0,10% . Investidores aguardam o discurso da presidente do Federal Reserve, Janet Yellen ,amanhã na Câmara dos Estados Unidos
Fonte: Valor Econômico Link: http://goo.gl/ikgl4W Autor: Silvia Rosa Data de publicação: 14/07/2015 |