Indesejado até bem pouco tempo atrás, o investidor estrangeiro em busca de oportunidades de curto prazo é novamente bem-vindo. Foi esse o recado que o governo Dilma Rousseff deu ontem aos mercados internacionais ao revogar o IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) de 6% para estrangeiros que investem nos juros brasileiros, ainda entre os maiores do mundo. A mudança de rumo tem o potencial de reverter (ou pelo menos impedir) uma alta ainda maior do dólar no Brasil, diluindo o impacto na inflação (22% dos insumos da indústria são importados) e ajudando a financiar a deterioração nas contas externas.
Indesejado até bem pouco tempo atrás, o investidor estrangeiro em busca de oportunidades de curto prazo é novamente bem-vindo.
Foi esse o recado que o governo Dilma Rousseff deu ontem aos mercados internacionais ao revogar o IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) de 6% para estrangeiros que investem nos juros brasileiros, ainda entre os maiores do mundo.
A mudança de rumo tem o potencial de reverter (ou pelo menos impedir) uma alta ainda maior do dólar no Brasil, diluindo o impacto na inflação (22% dos insumos da indústria são importados) e ajudando a financiar a deterioração nas contas externas.
Isso acontece quando a indústria começava a sair do buraco com a perspectiva de recuperação nas exportações devido ao câmbio favorável.
Por outro lado, uma alta indesejada do dólar teria consequências pesadas para as grandes empresas, que quase duplicaram seu endividamento em moeda estrangeira desde a crise de 2008.
Em dezembro daquele ano, a dívida externa do setor privado era de US$ 131 bilhões; em março deste ano, somava US$ 235 bilhões.
Duas mudanças importantes ocorreram nas últimas semanas para fazer o governo mudar o discurso até então conhecido como “guerra cambial”, que condenava as moedas emergentes à eterna valorização ante o dólar.
MAU HUMOR
A primeira foi a lenta, porém constante recuperação da economia americana, a ponto de o presidente do BC dos EUA dizer que os estímulos financeiros poderão ser retirados gradualmente (leia-se: enxugar dinheiro abundante em circulação).
O resultado foi o aumento geral dos juros dos títulos do governo dos EUA, que, no caso dos papéis de dez anos, subiram da casa de 1,6% para 2,1% em quatro semanas.
Esse aumento, que equivale a alta de juros do governo brasileiro de 7,5% para 8% na semana passada, absorve dinheiro de todo o mundo, valorizando o dólar ante as moedas globais, inclusive o real.
Em 30 dias, segundo a Bloomberg, o dólar subiu 5,75% no Brasil. Só perdeu para a alta da moeda americana na África do Sul e no Chile, respectivamente, de 9,27% e 6,56%.
A segunda é o desempenho fraco da economia brasileira, que segura os investimentos e perde força com a corrosão da renda pela inflação.
A fraqueza econômica acentua o mau humor crescente do investidor estrangeiro com a política do governo Dilma no setor privado, considerada intervencionista.
O ponto de virada foi a mexida nas regras de renovação das usinas hidrelétricas, em setembro do ano passado, que impactou perdas nas margens do setor elétrico.
“O estrangeiro está cansado do Brasil em razão dessa incoerência. Qual é o jogo? Quer crescer, controlar a inflação ou o câmbio. Não dá para fazer os três ao mesmo tempo”, disse Sidnei Nehme, diretor da corretora NGO, que na véspera adiantara que o governo não teria alternativa a não ser retirar o IOF dos investidores estrangeiros.
Fonte: Folha de São Paulo Link: http://migre.me/eSGyY Autor: Toni Sciarretta Data de publicação: 05/06/2013 |