Análise do Mercado - 07/02/2011
O fato de ter “entrado pouco” na crise de 2008, da qual saiu rápido com utilização de mecanismos que detinha “in house” como depósitos compulsórios excessivos por parte dos bancos, que fez refluir ao mercado incentivando o consumo com crédito farto, e, reservas cambiais substantivas que, da mesma forma, foram revertidas como substitutas às linhas de crédito externas que sofreram redução por parte dos bancos estrangeiros, proporcionou ao Brasil um quadro de estabilidade, crescimento elevado, forte atratividade ao capital externo carente de opções no mundo global, adicionalmente “turbinada” pelo expressivo juro praticado pelo país.
Tudo de bom, mas o que se constata agora é que o “desarme” dos fortes incentivos promovidos pelo governo ocorreu tardiamente, provavelmente em decorrência do ano de disputa eleitoral em 2010, e isto tem um “custo” que repercute em fortes pressões inflacionárias presentes, cuja contração impõe mudança brusca da política fiscal, que está demorando para ter sinais materializados, medidas “prudenciais” mais agudas para efeito mais imediato sobre a demanda aquecida, mas que, ao que tudo indica, não permitirão que sejam mais amenos os ajustes da taxa SELIC.
Juro elevado num país com cenário de estabilidade desperta forte atratividade a ponto de barreiras tributárias serem subjugadas pela inexistência de alternativa líquida competitiva no cenário global. Por isso, o mercado de câmbio, em especial, continua “desconfiando” que o governo possa elevar ainda mais o IOF, mas será necessário avaliar os efeitos sobre os ingressos de longo prazo, que evidenciaram retração quando da última elevação, e o país precisa deste recurso para financiar o seu crescente déficit em transações correntes.
A BOVESPA continua com futuro incerto, pode, portanto, não “entregar” tudo que os analistas propagam e perder espaço para as próprias bolsas dos países desenvolvidos e outros emergentes.
Reformas proteladas e inflação acima do previsto, requisitando tratamento mais severo na ponta do consumo, podem contrariar as expectativas presentes de forte afluxo de IED´s, já havendo discreta percepção de que podem estar afetando as perspectivas favoráveis estimulantes aos IPO´s.
E o câmbio, parceiro frequente do juro, no enfrentamento das pressões inflacionárias dos últimos anos, advindas da política fiscal frouxa, com o governo gastando tudo e poupando quase nada dos anos de crescimento, e, forte consumo não só decorrente do aumento de renda, mas principalmente da facilidade de crédito e prazos alongados?
Este é o “nó da questão”. O câmbio precisa de volatilidade, incertezas, mas os instrumentos que o governo vem utilizando não têm repercutido com estes efeitos.
O câmbio tornou-se absolutamente previsível e estável! Mas o piso é baixo.
O BC, além dos seus leilões de compra diários retirando divisas do mercado de câmbio físico à vista, agora em bases mais moderadas, ainda não a ponto de eliminar as posições “vendidas” dos bancos, que tanto fomentou na busca da resultante apreciação do real, retomou a utilização do instrumento financeiro “swap cambial reverso” e introduziu os leilões de compra de moeda estrangeira a termo no mercado interbancário.
Utiliza os “swaps cambiais reversos” para que impactem no mercado de cupom cambial viabilizando melhores condições para realizar as compras com leilões de compra a termo.
Ocorre que os leilões de compra a termo estão sendo realizado a prazos curtíssimos, o que pouco contribui, seja para colocar incertezas na formação da negociação, seja para aliviar custos de carregamento de reservas cambiais por parte do BC.
Por outro lado, como os “swaps cambiais reversos” têm prazos mais longos, e, sabidamente após o efeito imediato no mercado de cupom cambial, ficarão com o poder final de impor forte apreciação do real, lado perverso desta operação que resulta contrariamente às expectativas, em perspectiva o dólar tende a ficar onde esta ou até com preço abaixo.
Não há incertezas, o cenário externo não sugere uma nova crise igual a de 2008, e, a economia americana, embora em ritmo aquém das expectativas, vai se recuperando, não havendo riscos de recessão o que é mais importante. O “swap cambial reverso” induz à apreciação do real sem limites, visto que ao final haverá a liquidez promovida pelo próprio BC.
Há quem propague a idéia de que as operações de “swaps cambiais reversos” agrega riscos e incertezas aos tomadores, com fundamento no desastre ocorrido em 2008, mas este é um receio que não está presente no contexto atual.
É preciso fazer leilões de compra no mercado físico de dólares a prazos longos, procurando inverter o que faz hoje com o envolvimento dos “swaps cambiais reversos”, procurando agregar incertezas e não dando aos “swaps cambiais reversos” prazos em que possam os detentores administrar o preço nos vencimentos das operações a termo.
Agregar incertezas pode ajudar a dar sustentabilidade e alguma melhora. Para mudar, somente instabilidade, e esta não se tem como perspectiva atualmente.