O PMDB tem vivido desde muito à sombra dos governos instalados, inclusive militares, sem ser o titular, mas mantendo uma consistente dependência dos mesmos em relação a si em decorrência de sua grande bancada no Congresso, por isso influenciando decisões com a sua ampla diversidade opinativa, mas não as assumindo frontalmente.
Não tem um quadro de renomados e competentes especialistas em gestão, razão pela qual tem que buscar nomes fortes fora do contexto do partido para os postos chave, mas tem uma enormidade de problemas em torno de suas bancadas, sejam pela diversidade de pontos de vista, seja por questões éticas, seja pelo fato de falta de absoluto alinhamento, seja por questões jurídicas.
Agora, finalmente com Temer o PMDB assume provisoriamente a Presidência, e os postos chave tem os ditos renomados, contudo o momento é extremamente delicado pela forma que se deu esta assunção da Presidência e pela amplitude de indicativos de envolvimento com a gestão passada a qual sucedeu em confronto direto, sem ser uma unanimidade inconteste.
Desta forma a questão política não consegue ficar à margem dos anseios e programas de recuperação da economia do país.
Componentes do governo ligados ao partido têm sinalizações fortes de probabilidade de turbulências políticas e jurídicas ou atos falhos no curto/médio prazos, a exemplo do ocorrido com o Ministro do Planejamento, o que beneficia e dá voz e até possível apoio à antiga dirigente em processo de impeachment, que será julgado nos próximos quase 180 dias.
O grande desafio do PMDB antes de tudo é o próprio PMDB cuja bancada é farta em congressistas desiguais, e, substantivamente a necessidade de assumir desta vez efetivamente a gestão.
O plano que Temer apresenta é realista, mas precisa ter o dinamismo frente ao curto espaço que dispõe para “mostrar serviço” para não vir a ser surpreendido, e, naturalmente, dependente do apoio do Congresso Nacional.
O contexto está eivado de incertezas políticas e de viabilização do que se propõe para a economia, portanto Temer deve estar preparado para andar “pisando em ovos”, para que não venha a ser surpreendido na votação final.
O mercado financeiro, que teve comportamento de grande euforismo como se tudo estivesse resolvido, precisa rever sua postura, ser mais sensato e equilibrado, não fomentar ilusões antes do tempo e cumprir o seu papel.
Afinal que razões concretas fundamentam alta na Bovespa e queda no dólar. Nenhuma.
Continuamos avaliando que sem permitir a elevação do preço da moeda americana frente a nossa moeda, a trajetória para a retomada da atividade econômica ficará mais difícil, por isso consideramos este ajuste como primordial nas circunstâncias atuais.
As medidas anunciadas focam correções e recuperação de recursos para acerto do déficit fiscal, mas nenhuma foca objetivamente a retomada imediata da atividade econômica.
A alta do dólar não suscita pré anúncios, simplesmente deve acontecer.