Preço do dólar tende a flutuar no intervalo de R$ 2,20 a R$ 2,25!

Após a excessiva apreciação do real, em decorrência da decisão do FED americano de manter o seu programa de incentivo monetário inalterado, frente à perspectiva de que o país possa ter melhora no fluxo cambial que vem se revelando insuficiente para fazer face ao déficit em transações correntes, o preço da moeda americana tende a flutuar num intervalo mais compatível com o contexto presente.

Afinal, o país continua com suas contas externas em condições bastante desfavoráveis e o que se passou a vislumbrar a partir da decisão do FED, no qual consideramos que vá estender mais do que o previsto o prazo para iniciar o desmonte do seu programa de incentivo monetário à economia americana, foi uma perspectiva renovada para o deslocamento de capitais especulativos para os países emergentes, entre os quais o Brasil, que, contudo, já não é o país com o maior grau de atratividade, visto que outros emergentes apresentam maior eficiência na política fiscal, menor inflação e maior crescimento.

Mas o Brasil está em fase de elevação da taxa Selic, que acaba por gerar oportunidades para arbitragens interessantes pelo capital especulativo e, portanto, é absolutamente sensato admitir-se que o fluxo cambial tenda a melhorar para o país, o que certamente poderá atenuar o quadro desfavorável presente nas contas externas.

Ocorre que, a relação causa-efeito da decisão do FED, que acaba por beneficiar os países emergentes, não ocorre tão repentinamente que possa sugerir, como aconteceu precipitadamente por parte de analistas e até por membros do governo, a interrupção do programa de liquidez mínima definido pelo BC para expurgar do mercado de câmbio movimentos especulativos.

Ademais, o preço da moeda americana mais baixo atrai para o mercado de câmbio à vista empresas, em especial importadores, com passivos em dólares para resgatá-los, enquanto ao mesmo tempo estimula que empresas que tenham passivos em dólares não resgatáveis no momento busquem realizar “hedge” para protegê-los pela oportunidade do preço.

E afinal, não se pode perder de vista que a apreciação do real ocorreu consubstanciada numa perspectiva, que precisará se confirmar na prática como prognosticada, por isso, nada deve ser alterado nem na política cambial e nem na política monetária.

O preço tecnicamente baseado nos fundamentos atuais sugeria um preço entre R$ 2,25 a R$ 2,30. Contudo, com o surgimento desta nova perspectiva é razoável que repercuta de forma equilibrada passando a ser operado entre R$ 2,20 a R$ 2,25 para finalizar o ano em torno de R$ 2,30. Mas este fato não deve promover mudanças no programa de liquidez mínima, que vem sendo praticado com sucesso pelo BC e previsto para vigência até dezembro deste ano.

Da mesma forma, o preço da moeda americana entre R$ 2,20 a R$ 2,25 deve ser menos impactante na inflação, mas não deve promover mudança na política monetária do BC/COPOM que deve persistir com a elevação da taxa Selic, até porque todos sabem que a inflação não fosse às postergações de reajustes e a concessão de desonerações estaria muito acima dos parâmetros atuais que não são tranquilizadores.

O Boletim FOCUS do BC, divulgado hoje com data do último dia 20, que dá as medianas das projeções de 100 instituições financeiras, indica uma redução na projeção do preço do dólar para o final do ano de R$ 2,35 para R$ 2,33. Bastante sensata, poderá recuar provavelmente a R$ 2,30 na medida em que a perspectiva de melhora do fluxo cambial seja confirmada.

A projeção para o IPCA ao final do ano foi reduzida de 5,82% para 5,81%, mesmo com o IPCA-15 tendo revelado aceleração em setembro ao registrar 0,27%, bem acima da apurada em agosto de 0,16%.  Porém, para os próximos 12 meses a projeção do IPCA está em 6,20%.

Nos demais indicativos importantes nada de relevante. A Selic foi mantida em 9,75%; o PIB em 2,40%; o déficit em transações correntes em US$ 78,0 Bi, dado que acreditamos ainda subestimado; balança comercial positiva em US$ 2,0 Bi e IED´s em US$ 60,0 Bi.

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