Sob as mais diferentes justificativas, o governo mantém o preço da moeda americana frente ao real em um nível irreal, alinhando um viés de baixa que busca a convergência da curva inflacionária ao centro da meta estabelecida.
Os números, que afinal é o “caixa” efetivo, evidenciam que o país tem saldo negativo (mais saídas do que entradas líquidas) de US$ 7,828 Bi até o dia 16 de setembro do ano corrente. O Brasil teve até o dia 16, ingressos comerciais líquidos de US$ 33,646 Bi e saídas financeiras líquidas de US$ 41,474 Bi, o que não justifica o otimismo dos tempos recentes.
Este é um jogo com consequências temerosas, podendo acentuar a retração das exportações e estimular ainda mais as importações, e como não atravessamos fase de investimentos, esta evolução pode ser de produtos de baixa qualidade acentuadamente de consumo de massa, prejudicando a já deteriorada atividade produtiva nacional.
O “troféu” perseguido pelo governo é o centro da meta inflacionária, mas em detrimento da política fiscal, já que a arrecadação tende a ser menor com a atividade prejudicada da nossa indústria.
Com este quadro, não se alcançará o desejado dinamismo na indústria, por consequência, o desemprego e a queda de renda e de consumo tendem a persistir.
O governo precisa permitir que o quadro econômico atual forme a taxa cambial compatível com o “status quo” brasileiro que é bastante desfavorável, e com isso estimular a atividade econômica, ou continuará cultivando a retração da qual não consegue sair.
O preço do dólar é a peça chave para reativar a economia brasileira, promover a recuperação, sua capacidade contributiva fiscal, gerar emprego, renda e consumo. Quando equilibrado, torna o produto nacional mais competitivo. Internamente, porque os importados chegam ao país por um preço mais elevado. No cenário internacional, a desvalorização da moeda nacional permitirá que produtos brasileiros cheguem a outros países com preços altamente competitivos, oferecendo maior retorno aos exportadores, e abastecendo nossas reservas cambiais.
Tudo insinua que o governo está trilhando a alternativa incorreta ao optar pela conquista da meta inflacionária almejada, que o deixará “prisioneiro” da taxa de juros, do swap cambial, do crescimento nanico da atividade econômica, da baixa arrecadação, do desemprego irreversível e da queda de renda e consumo.
Afinal, o que fazer com a inflação dentro da meta totalmente ancorada em inúmeros fatores condicionantes e sacrificando pontos relevantes?