Ontem salientamos que o fator câmbio precisa ser observado com maior seriedade pelos analistas que prognosticam as medidas futuras de politica monetária, e, ontem mesmo, o preço da moeda americana mostrou o quanto é sensível aos fatos negativos e apresentou os reflexos consequentes do “status quo” prevalecente nas perspectivas.
Poderia estar bem pior não houvesse o BC rolado o total da posição vincenda ontem de “swaps cam hoje com base na PTax do dia 29.
E destaque-se que isto aconteceu no dia em que o Ministro Mantega anunciou que o PIB do 3º trimestre cresceu 2,5%, fato que não causou nenhuma repercussão maior e foi absolutamente neutralizado por outro fato que envolveu a indefinição de métodos no reajuste do preço dos combustíveis, que ao que parece teve mínima participação da própria empresa Petrobrás na decisão, em mais uma atitude intervencionista da empresa de economia mista.
Por outro lado, também não causou nenhum estresse o fato da balança comercial, de forma absolutamente atípica para o mês de novembro, ter apresentado um saldo favorável de US$ 1,7 Bi, o que não acontecia desde 2007 e num ano em que tem uma dinâmica totalmente pífia. Foi resultante de exportações de plataformas da Petrobrás que proporcionaram este dado atípico, o que praticamente desqualifica o número.
Enfim, desde muito temos uma crise de confiança instalada no país, o que leva a se considerar sempre de forma relativa os dados econômicos quando apresentam sinais de melhora muito imprevista, havendo sempre a insegurança na consideração dos mesmos.
Era “pedra cantada” conhecida desde os primeiros indicativos do ano de 2013, e após renovados com vigor os indicativos negativos, a partir de junho que este seria um ano adverso na questão cambial para o Brasil.
A despeito disto, as normas restritivas ao ingresso de capitais estrangeiros, em especial especulativos, não foram retiradas quando já era perceptível a ocorrência de problemas no fluxo de recursos externos. Quando foram gradualmente retiradas o momento já era tardio e não ensejava movimentos de recuperação dos ingressos preteridos, a despeito do país ter retirado grande parte das normas restritivas e já estar naquele momento oferecendo uma melhor taxa de juro, que contudo tinha contra sí a acentuada perda de atratividade ao capital externo de qualidade, pois já havia a inflação em parâmetros elevados e o baixo crescimento da economia bastante perceptível, além das evidências de deterioração da politica fiscal.
O cenário desfavorável deve adentrar o ano de 2014, por isso até certo agravamento está em perspectiva.
O governo continuou gastando muito e a politica fiscal, a despeito de todos os subterfúgios aplicados, resulta deteriorada e comprometida, colocando o país em risco de perda de rating por parte das agências especializadas, sendo pouco crível que este cenário de desequilíbrio seja corrigido em 2014, um ano eleitoral.
Pioramos muito os nossos fundamentos, ao mesmo tempo em que 2013 ao seu término indica que países em desenvolvimento tem sinalizações de recuperação e outros emergentes demonstram estar melhor organizados e mais atraentes aos investidores estrangeiros.
O contexto de fluxos externos para o país não tem cenário prospectivo favorável. A grande janela de oportunidades no país é a remodelação da sua infraestrutura, mas ao que parece o entusiasmo dos investidores externos ainda é baixo, o que é ruim, pois este seria o canal para o Brasil carrear expressivos volumes de investimentos.
O Brasil já não ocupa as manchetes globais pelos seus feitos e pelas oportunidades reais , hoje é foco de criticas contumazes e abrangentes, que queira ou não acabam desestimulando os investidores externos.
O BC tem sido açodado para se manifestar acerca da continuidade do programa de liquidez implantado em agosto, mas devemos considerar que é uma decisão que precisa ser muito bem estudada, pois o estoque deste programa já ao final de 2013 é suficientemente complexo para recomendar mais observação e menos decisão a respeito neste momento.
Então, este ou aquele número eventualmente melhor já não resgata a atratividade do país, o que está pesando são as PERSPECTIVAS NEGATIVAS, e desta forma o preço da moeda americana tende a apreciação, que poderá ser forte já no 1º trimestre, já que está sendo transportada de 2013 para 2014 uma “herança” já bastante pesada e problemática em termos de volumes colocados de contratos de “swaps cambiais” e “ linhas externas repassadas aos bancos”.
Se o governo não conseguir alterar as perspectivas negativas, o que entendemos difícil até por ser um ano eleitoral, certamente 2014 terá um contexto pior do que em 2013 para o setor externo.