O fundamento presente no contexto da formação do preço da moeda americana no mercado de câmbio brasileiro sugere tendência de alta.
Baixo fluxo cambial, déficit em transações correntes ascendentes, e, perspectivas cada vez piores para o saldo da balança comercial alimentam a pressão altista que se tem observado nos últimos dias.
O país não deverá ter um fluxo cambial confortável este ano, e, cada vez mais se acentua eventual necessidade de financiamento maior do exterior, caso contrário precisará utilizar as reservas cambiais.
Contudo, neste momento pontual, a alta que levou o preço a R$ 2,05 certamente provoca desconforto para as autoridades monetárias, visto que neste parâmetro é contributiva para o aumento das pressões inflacionárias.
O COPOM tende a elevar até 0,50% a taxa SELIC para um enfrentamento mais contundente do espiral inflacionário, e, precisará ter o preço do dólar em ponto neutro, que acreditamos em R$ 2,00, ou contributivo, que vemos abaixo de R$ 2,00.
Muito tem se falado de que existiria nova banda entre R$ 2,00 a R$ 2,05, o que não faz absoluto sentido por parte do BC envolvido na contenção da inflação, e, que, por seu Diretor Carlos Hamilton, já manifestou os danos inflacionários causados pela alta ocorrida em período antecedente.
E muito tem se estranhado pelo fato do BC não ter feito intervenções no mercado.
Como vimos destacando, a solução para a contração da taxa cambial, apreciação do real, desta vez parece improvável com oferta dos instrumentos financeiros denominados “swaps cambiais”, sendo necessária efetiva oferta de moeda.
Relutante a esta ação ofertando moeda que deixaria muito evidente a queda de fluxo para o país, naturalmente o BC está sendo complacente com a alta atual, vislumbrando a possibilidade de solução de mercado com o ingresso dos recursos captados pela Petrobrás no exterior, no montante divulgado de US$ 12,0 Bi.
Acreditamos que este ingresso dar-se-á na semana próxima, e, deve ocorrer em “tranches” que permitam irrigar a liquidez no mercado à vista e, também futuro, e é possível até que a autoridade fomente a manutenção de um “colchão de liquidez” pelo mercado, para que possa induzir o preço da moeda americana a R$ 2,00 ou ligeiramente abaixo, como lhe é conveniente neste momento.
Com isto o BC conseguirá mitigar a pressão altista presente por um certo período, embora a perspectiva sugira que o preço do dólar volte a subir adiante, pois não se vislumbra melhora sustentável do fluxo, e o déficit em transações correntes está atingindo números preocupantes.
Então, é o momento de vender agora para comprar depois.
Aliás, bancos e estrangeiros já fizeram isto com antecedência no mercado futuro, e aguardam este ajuste no preço.