Câmbio News

O BC “assistiu” a taxa de câmbio recuperar-se com vigor apreciando o preço da moeda americana. Todos esperam que intervenha com “swaps cambiais”, mas é bem possível que a melhor opção seja as linhas de financiamento estimulando a liquidez à vista pelas posições vendidas dos bancos

A questão não é até quanto o BC pode avançar com os “swaps cambiais”, mas sim, até quando as ofertas destes instrumentos financeiros serão eficientes para mitigar a tendência de alta do preço da moeda americana.

Após US$ 32,0 Bi de “swaps cambiais” colocados no mercado futuro/derivativos para atenuar a abrupta demanda das empresas por proteção dos passivos em moeda estrangeira, quem não se decidiu a fazer “hedge” tende a não fazê-lo na crença de que os indicativos para o final do ano são de preço do dólar no entorno de R$ 2,30 ou pouco mais, salvo alguma mudança conceitual das agências de rating em relação ao Brasil, pois pode subir além deste piso no curtíssimo prazo, mas deve acomodar-se neste patamar ao final do ano.

A demanda por “swaps cambiais” só se acentuaria se o preço da moeda americana voltasse a R$ 2,20, o que é bastante improvável, portanto, o efeito da atuação do BC com oferta destes instrumentos tende mesmo a perda de eficácia, passando a fomentar o crescimento das posições “compradas” especulativas.

O novo “boom” de pressão sobre o preço da moeda americana tende a ser oriundo do mercado à vista, aquele que demanda efetivamente dólares moeda para fazer face aos pagamentos dos passivos.

Por isso, nos parece que a estratégia da autoridade monetária deverá focar mais a liquidez do mercado à vista de câmbio, que vem se revelando cadente em face à tendência presente de fluxos cambiais positivos cada vez mais escassos para o país.

Como tivemos oportunidade de comentar ontem, a autoridade monetária deverá evitar ao extremo ter que realizar oferta de leilão de divisas à vista para o mercado, pois as repercussões poderiam ser amplamente negativas, estimulando movimentos especulativos sobre o real e criando desconforto na percepção dos investidores estrangeiros.

Há posicionamentos especulativos estratégicos no mercado futuro/derivativos, que poderiam desandar para movimento de intensa especulação, desde que lhes sejam dadas oportunidades.

Ademais, deve preservar as reservas cambiais atuais que não são imensas quanto se tem imaginado.

Ontem,  a moeda americana foi fortemente apreciada no nosso mercado, em parte pelo comportamento internacional da moeda americana consequente da alta forte dos “yelds” dos T-Bills, mas também pelo aumento de posição “comprada” no mercado futuro de dólar da BM&FBovespa, quase US$ 2,0 Bi, por parte dos fundos estrangeiros, tendo na contra ponta os bancos que aumentaram sua posição vendida em montante equivalente.

A pressão de alta do preço da moeda americana tende a ir se acentuando a partir do mercado à vista e o BC precisa articular uma estratégia para a liquidez num ambiente de retração de fluxos favoráveis ao país, sem, contudo, envolver a sua presença como ofertante das divisas spot.

A alternativa é estimular os bancos com oferta de linhas de financiamento a custos interessantes para que estes assumam a geração de liquidez através da formação de posições vendidas, e, combiná-las com oferta de “swaps cambiais” para fazer face à proteção das mesmas, visto que o ambiente adverso em termos de fluxos para o Brasil não recomendam que fiquem expostos.

Não acreditamos que o BC consiga apreciar o real, mas poderá, ao resolver a questão da liquidez do mercado de câmbio com esta estratégia, inibir as pressões mais intensas de depreciação da moeda nacional.

 

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