Há certo afoitamento generalizado em tudo no entorno dos movimentos preliminares da formação do novo governo do Presidente Bolsonaro.
Há claramente por parte do novo governo o intuito de desaparelhar o “status quo” forjado de forma ideológica e fisiologista, cujo modelo foi desastroso, e construir-se ou reconstruir-se a partir dos escombros um novo modelo de gestão, mais compacto e com maior foco na “produtividade” e “objetividade” dos Ministérios e que viabilize maior entrosamento e disciplina nas suas atividades.
O enxugamento ministerial naturalmente tende a proporcionar maior foco da gestão. Esta é a percepção inicial.
O novo Presidente foi definido “ontem, como força de expressão” e não se pode exigir que tivesse todas as decisões e definições tomadas para implantação imediata, não seria e não é razoável. Está evidente que havia a ideia de redução de ministérios, mas não a forma de como isto seria feito e nem prévias definições de quais nomes os ocupariam, salvo o nome de Paulo Guedes.
Então, é imprescindível que se lhe conceda o “beneficio da dúvida” e tempo ao tempo para que os alinhamentos fundamentais sejam procedidos e se possa ter nos próximos 30 dias o efetivo perfil do novo governo, com nominações dos Ministérios e de seus ocupantes, e então se passe a discutir de forma concreta o programa de governo, sem o qual todas as abordagens, elogios ou criticas serão absolutamente prematuras e carentes de fundamentos críveis.
Há um clamor por interpretar “falas soltas” deste ou daquele suposto membro do próximo governo e dar-se uma relevância demasiada, até por que o “lay-out” somente agora está sendo definido e dentro de um contexto diferente, com aglutinação de poderes sinérgicos em pastas únicas e com isto promovendo a redução brusca do numero de Ministérios.
E notoriamente há a oposição desconstrutiva que antecipa a critica mesmo antes de conhecer a realidade, mas simplesmente na suposição. Há a sensação, por vezes, de que a disputa eleitoral ainda não foi encerrada. Ao se “dar luz” aos embates sectários desvia-se a atenção do principal e isto acaba se tornando perturbador.
Importantíssimo que o novo governo em organização estabeleça quem é ou quais são os porta vozes para que ocorra uma oportuníssima pontuação de manifestações assertivas e não conflitantes gerando más interpretações.
No nosso entendimento, o preço do dólar, mesmo com pressões possíveis externas advindas de eventual valorização do dólar ante as demais moedas em razão de um possível movimento acentuado de “fly to quality” para o mercado americano, que provoca o aumento da demanda da moeda americana no mercado global valorizando-o, terá no nosso mercado um comportamento “inelástico”, com o preço incorporando a “gordura” resistente do prêmio de risco, que só deverá ser expurgado quando houver alinhamentos concretos, criveis e viáveis focando a superação da grave crise fiscal e a reativação da economia, com perspectivas de geração de emprego, renda e consumo.
Até que mude o cenário com novas perspectivas o preço tende a R$ 3,70, flutuando no entorno refletindo ainda o embate entre “comprados” e “vendidos” no mercado futuro, que deve gradualmente reduzir seus volumes nos posicionamentos.
Não temos expectativas de que venha a ocorrer fuga de recursos estrangeiros do país, mas acreditamos que o fluxo de ingressos também será contido até que haja maior convicção por parte dos investidores estrangeiros de que tudo está sendo alinhado de forma positiva.
Novembro, no nosso entender, deverá ser um mês de maior grau de observação e menor ação, de entendimento sobre as novas linhas de conduta do novo governo, enfim havendo maior transparência do programa de governo, suas prioridades e a formatação da gestão.
A ansiedade não será boa companhia ao longo deste mês, pois pode provocar interpretações erráticas ou mesmo precipitadas.
Estamos iniciando um jogo de xadrez e assim cada pedra sendo movimentada ao seu momento, e isto para os que assistem impõe sensatez absoluta.
Ruídos, propagadores do insucesso, adversários intempestivos sempre haverá, mas é absolutamente necessário que não se dê eco a estes fatos, porque certamente não serão contributivos.
Parece-nos fundamental a postura de otimismo, porém sem exacerbações.
Ontem foi o último dia do mês de outubro, dia da fixação da Ptax básica para os reajustes dos contratos num ambiente de embate entre “comprados” e “vendidos”, dia atípico no dólar e também na B3.
Até o dia 26 não havia sinais de fuga de capitais, como revelou o comportamento do FLUXO CAMBIAL que divulgamos ontem, e, acreditamos que não há motivos para que venha a ocorrer.
Sidnei Moura Nehme
Economista e Diretor Executivo da NGO