Cada dia e cada vez mais surgem dados e indicativos de que o desafio a ser enfrentado pela nova equipe econômica será muito maior do que o que estava projetado a partir de um diagnóstico precoce formulado com base na situação amplamente deteriorada da economia do país ao ter sido encerrado o ano de 2014.
A imprevista temporada de seca no país afetando a produção de alimentos básicos, piorando muito as suas qualidades quando não as suas disponibilizações ao consumo, inevitavelmente impacta nos preços e propaga maior intensidade na inflação que já se dissemina por toda a economia, que já convive com as pressões decorrentes do ajuste dos preços relativos da economia que estavam em enorme desordem.
E não bastassem os efeitos deletérios da seca, o país ainda corre o risco de ter que reduzir o plantio pela carência de água e energia.
A FIPE anunciou o seu IPC de janeiro apontando 1,62%, um sinal vigoroso e preocupante.
E o governo federal não tem condições de oferecer subsídios à produção agrícola para mitigar as altas, muito pelo contrário, está sumamente carente de elevação de arrecadação.
Nossa indústria teve o seu desempenho em 2014 divulgado com um retrocesso de 3,2% para não deixar duvidas sobre o momento desalentador. Precisa de “oxigênio estimulante” e que não sejam somente palavras.
Mas, precisaria de alivio tributário horizontalizado e não pinçado e concedido a escolhidos como o ano passado, que nada entregaram, mas da mesma forma o governo está exatamente na direção oposta, precisa elevar a arrecadação.
Ambos cenários tendem a comprometer mais a nossa balança comercial, primeiro pela queda nas exportações, segundo porque sugere que eventuais reposições sejam importadas.
A alta do preço da moeda americana será estimulante a que se busque exportar algumas commodities agrícolas que tenham excedentes e commodities metálicas e, quem sabe, ajudem a indústria a reconquistar o mercado interno na medida em que encarece o produto importado.
A eventual quebra de safras agrícolas brasileiras pode determinar que os preços internacionais melhorem, pois a tendência atual tanto para as commodities agrícolas quanto para as metálicas é de baixa e queda da demanda, principalmente pela desaceleração da atividade da economia da China, mas isto é somente uma hipótese visto que a economia global esta menos ativa.
As perspectivas para o crescimento do PIB em 2015 ficam cada vez mais prejudicadas e aumenta a convicção de que o país poderá ter recessão, que inevitavelmente poderá causar desemprego e queda de renda.
Como o país não está atraente para investimentos de estrangeiros face as perspectivas de não crescimento, restará ao país a expectativa de que seja atraente para o capital especulativo e neste sentido, o preço da moeda americana ajustado será importante pois elimina o risco de variação cambial expressiva que é um elemento que provoca a retração dos recursos forjados a partir de operações de “carry trade”.
Enfim, o Brasil que já tinha perspectivas de situação desconfortável no seu setor externo vê novos fatores negativos agravando o quadro, ao mesmo tempo, em que se acentuam demandas absolutamente conflitantes entre si, o que torna 2015 cada vez mais um enigma.
O “preço” da reconstrução do país superando todos os erros cometidos parece ter um “penalty” elevadíssimo adicional e imprevisto.