Fechado o fluxo cambial do mês de setembro constatamos montante de saída financeira no ano de US$ 48,729 Bi e ingresso comercial de US$ 32,968 Bi, resultando fluxo cambial líquido de US$ 15,760 Bi, sem nenhuma intervenção direta comprando ou vendendo do BC, ficando evidente que não há margem para crescimento das reservas cambiais brasileiras.
Contudo, como no ano o montante de posição vendida dos bancos evoluiu de negativo US$. 20,239 Bi para US$ 35,936 bi, este fato ficou evidente e deixa transparecer que, em termos efetivos, a reserva cambial brasileira está reduzida em US$ 20,2 Bi, o que indica que liquidamente são de US$ 350,0 Bi pelo regime de caixa.
Naturalmente há o lastro para o mercado dos swaps cambiais, que ancora a credibilidade da moeda consubstanciada na credibilidade que geram a partir da existência das reservas cambiais e evitam movimentos precipitados.
Há fluxos de recursos de investimentos que busca no país tão somente rentabilidade, fixa e variável.
A BM&FBovespa usufrui deste momento e se repete em movimento altista, na realidade nada direcionando para a conta capital como recurso novo e parte de investimentos é direcionado para renda fixa focando a elevada rentabilidade real que o país proporciona pela alta taxa de juro praticada versus inflação cadente mais pela contração da inflação provocada pela recessão.
No nosso ponto de vista, o novo governo ainda não logrou o sucesso que lhe vem sendo creditado.
Há ainda em pauta a necessidade de aprovar a PEC, que certamente ensejará discórdias e debates, da qual se tem um teto sob o risco de ser rompido.
Não houve até o momento definição de política fiscal, constatando-se arrecadação cadente o que deixa evidente de que o setor produtivo ainda não despertou com investimentos e geração de emprego e renda.
Enfim, não vivenciamos ainda perspectivas concretas, mas sim discursos apontando boas intenções, que não encontrarão facilidades para consolidação.
Muito tem se falado que o país esta atraindo capitais estrangeiros, mas trata-se de “dinheiro esperto” e não que veio investir na conta capital e contribuir para a produtividade da economia, que continua inerte como antes.
Desta forma, eventual queda do juro americano factível, pois houve melhora do mercado de emprego lá, num momento em que deseja queda da taxa SELIC por aqui é manobra arriscada.
Por outro lado, os ganhos variáveis podem se exaurir na BM&FBovespa por atingirem a expectativa de ganho numa economia que não investe e não retoma seu nível de atividade.
Por isso, entendemos que o preço da moeda americana no Brasil está afastado do ponto de equilíbrio razoável, até porque, a despeito do desempenho havido da balança comercial, os preços externos desta forma são cadentes, afetando fortemente a margem de remuneração da indústria exportadora, desestimulando-a.
Em razão deste contexto continuamos observando que a formação do preço da moeda americana no Brasil está distorcida, o que sugere posicionamento cautelar quanto às perspectivas em torno do preço do real, já que no momento se baseia em fluxo focando oportunidade de rentabilidade, não sustentável em termos de atratividade.