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Fluxo cambial confirma tendência negativa e revela que posição comprada dos bancos no mercado de câmbio à vista, data base dia 9, estava em US$ 585 mi, o que sugere que já tenha se exaurido!

O fluxo cambial está negativo em US$ 1,090 bi até o dia 9 deste mês, composto por US$ 1,094 bi negativo no comercial e US$ 4 mi positivo no financeiro.

Na semana passada de 5 a 9, o fluxo cambial foi negativo em US$ 1,598 bi, sendo US$ 912 mi no comercial e US$ 686 mi no financeiro.

Não se esperava tendência diferente, mas a alta da Bovespa atribuída aos investidores estrangeiros sugeria que o fluxo financeiro pudesse apresentar um resultado melhor.

Não vemos perspectivas de melhora ou reversão desta tendência até o final do ano, podendo haver alguma intensificação para pior caso o FED venha a anunciar o início da redução do programa de incentivo monetário ainda neste ano, fato que deve acentuar a saída de recursos do país, até porque as taxas de juro que vem sendo proporcionadas pelos T-Bills de 10 anos do tesouro americano são cada vez mais atraentes.

Não há perspectiva de que a demanda chinesa por “commodities” venha a causar alguma melhora do fluxo comercial, assim como não é possível nutrir expectativas de melhora das exportações de manufaturados estimuladas pela alta do dólar, visto que a relação causa/efeito é lenta e para o Brasil envolve um esforço enorme de reconquista de mercado externo, atualmente muito mais concorrido, pois todos os países desejam exportar mais.

A queda da liquidez própria a partir dos fluxos do mercado de câmbio à vista tem potencial forte para apreciar o preço da moeda americana, pois revelam que o país capta recursos em volume insuficiente para fazer face às saídas de recursos.

O mercado de câmbio, até então, teve pressão de apreciação do preço da moeda estrangeira advinda do mercado futuro em decorrência da busca por empresas de proteção dos passivos expostos, a partir da percepção de fluxos cadentes de recursos estrangeiros para o país.

 Para mitigar as pressões sobre o preço do dólar nesta situação, o BC dispõe e faz uso dos instrumentos financeiros denominados “swaps cambiais”, que asseguram o fixing do preço futuro da moeda estrangeira, mas não envolvem a disponibilidade  efetiva da mesma para liquidação do passivo.

“Swaps cambiais” são operações de natureza financeira, liquidáveis por diferença em reais entre juros e variação cambial no período, não envolvendo moeda estrangeira fisica a não ser como referencial e são transacionados no mercado futuro, que não devem ser confundidos com dólar efetivo, disponível e utilizável para quitar os passivos.

São eficientes para conter a alta advinda do mercado futuro sobre o preço do dólar e que acabam contaminando o preço praticado no mercado à vista, mesmo quando este não esteja convivendo com baixa liquidez.

O BC, nestes meses mais recentes, fez contínuas colocações de “swaps cambiais” no mercado futuro, superando a cifra de US$ 32 bi. Ocorre que com o preço da moeda americana no entorno de R$ 2,30 ou acima, com fundamentos que justificam este preço, muito provavelmente o interesse por “hedge” das empresas se torne cadente, pois a presunção é de que poderá ocorrer alta maior no curtíssimo prazo, mas não deve fugir muito deste preço ao final do ano.

Agora, o ponto de pressão do preço do dólar passa a ter maior peso a partir do mercado à vista, e para contê-la o BC deve utilizar nova estratégia, provavelmente com os leilões de linhas de financiamento (venda pronta conjugada com recompra a prazo), induzindo os bancos a assumirem posições vendidas no mercado à vista e serem os geradores da liquidez.

Como o cenário prospectivo de fluxos de recursos para o país não é otimista, os bancos, acreditamos, tenderiam a proteger estas posições vendidas expostas em moeda estrangeira, demandando procura por “swaps cambiais”.

Posições vendidas assumidas pelos bancos viabilizam a captação de reais a custos atraentes e que podem se tornar interessantes para arbitrar no nosso mercado interno, com resultados relevantes, mas precisa que o conjunto estrutural das operações esteja todo harmoniosamente protegido de riscos maiores.

Isto não provocaria apreciação do real, mas como gera liquidez poderia conter a pressão de alta, o que é interessante em razão da inflação presente na economia brasileira.

Esta seria uma solução temporária, pois na realidade o país precisa ter foco em restabelecer os fluxos de recursos, que poderão vir das privatizações/concessões no ambiente da infra-estrutura, mas é preciso que seja eliminada perante os investidores estrangeiros os riscos de confiança visualizados pelos mesmos no momento.

Com a taxa acima de R$ 2,32 é bastante provável que o BC se faça presente hoje, mas agregando à sua estratégia a oferta de linhas de financiamento aos bancos.

 

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