Fazer o que? Insegurança poderá criar hiato nos negócios no próximo trimestre!

Dúvidas e incertezas acompanhadas por certa desesperança tende a engessar as decisões maiores, seja por precaução, receios ou insegurança, e assim isto pode estar sendo direcionado para ter início a partir do próximo trimestre (agosto, setembro e outubro).

Fazer o que? Esta é a questão irrespondível neste momento ante um cenário de dificílima projeção prospectiva, a partir de um cenário presente bastante desconfortável tanto economicamente, quanto político e jurídico.

O “status quo” é conhecido, o que estava imperceptível ou não destacado a greve dos caminhoneiros trouxe as claras, e o que se vê não é tranquilizador.

Economia num ritmo extremamente lento de recuperação, transferindo perspectivas de melhoras agora para 2020; crise fiscal se acentuando e ainda fora de foco no debate sucessório o que deixa intranquilidade; cena política conturbada sem gerar fatos positivos e proporcionando muita insegurança jurídica.

O país tem 13 milhões de desempregados e 67 milhões de cidadãos inadimplentes e uma incapacidade quase absoluta do governo de programar ações que proporcionem reversão deste quadro caótico, estando o Governo muito mais propenso de sugar recursos da sociedade do que prover-lhe com avanços estruturais e investimentos.

Então, parece que há uma tendência de que se não sabemos para onde vamos, o melhor é esperar.

Fazer o que?

O grau de incertezas e dúvidas predominantes no país é paralisante, e isto certamente provocará certo imobilismo empresarial e por que não afetando também o ânimo no mercado financeiro.

Não será tão relevante assim? Torçamos para que não, mas o ambiente no período pré eleitoral sugere cautela, sensatez e extremo zelo nas decisões de todas as naturezas.

Julho pode estar registrando o último mês antes da acomodação duradoura, pelo menos de 3 meses.

Haverá um movimento de ajuste pontual antes disto? É provável, mas no nosso entender, desta vez, sem afetar a taxa cambial.

O “status quo” tem clareza sobre todas as agruras econômico-política-jurídico com as quais o país terá que conviver neste período, e certamente haverão muitas torcidas e baixas convicções sobre as resultantes, o que contribui mais para posturas altamente defensivas.

Na área cambial, pelo menos desta vez, o país não corre o risco de ter crise cambial, e o BC tem mecanismos operacionais adequados para que esta fase mais sensível a fatos seja ultrapassada com certa tranquilidade, pois enquanto pressões ocorrerem por demanda de proteção, que acreditamos bem atendida neste momento, e por demanda no mercado a vista para saída de investidores estrangeiros, com ênfase aos especulativos, não haverá razões para exacerbações na taxa cambial.

Contudo, fatores imponderáveis poderão ocorrer internamente conturbando o ambiente jurídico e eleitoral e alguns pontos relevantes externos poderão afetar o comportamento da moeda americana, e então poderão causar reflexos na formação do preço da moeda americana no nosso mercado.

O juro do treasury americano referencial de 10 anos sinalizando volta ao patamar de 3% é um fator imponderável com inúmeras repercussões no mercado internacional.

Este período sugere muita observação e postura defensiva, já não há ambiente para ousadias.


Sidnei Moura Nehme
Economista e Diretor Executivo da NGO

Compartilhar :
plugins premium WordPress