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Fatores políticos e especulação ofuscam números externos bons e Moody´s

Os fatores políticos têm peso para agravar a crise instalada caso não alcancem solução satisfatória para o governo e não viabilizem melhora na política fiscal, o que na margem, poderia acentuar o risco de rebaixamento da nota de crédito soberana do país, com substantivos reflexos negativos.

Neste momento o mercado tem considerado o pior cenário que envolve a questão dos vetos da Presidenta, o processo de impeachment, a reforma ministerial e a falta de base de apoio político, em razão disto consideram o pior cenário e a taxa cambial é exacerbada, afastando-se de parâmetros técnicos razoáveis.

Não há fatores materializados que possam ser considerados, como se tem visto na grande maioria das análises, causa da alta expressiva alta, que fomentada pela especulação acaba por criar fatores de natureza puramente psicológica e assim se forma o ambiente negativo.

Então se clama pela presença do BC intervindo no mercado de câmbio, quando de efetivo não há nem causa e nem razões para isto.

Não há saída de recursos intensa de recursos estrangeiros do país. A melhora do fluxo cambial na semana passada, positivo no período em US$ 900,0 M e no mês em US$ 383,0 M, deixa evidente esta percepção.

Parece que está passando despercebido, quesito que já mereceu nossas considerações a mais de um mês, que não há razão para saídas precipitadas e intempestivas de recursos do país, tendo em vista que o BC preventivamente colocou um volume em torno de US$ 110,0 Bi de contratos de swaps cambiais, rolando-os nos seus vencimentos, o que permite que a quase totalidade de exposição ao risco da moeda estrangeira esteja “hedge” na BM&F e complementarmente com contratos à termo na CETIP.

Estando protegido em suas exposições, não há razão para precipitações e nem se justifica a hipótese aventada de que o preço elevado da moeda americana esteja retendo valores na Bovespa.

Só há desconforto para exposições em moeda estrangeira desprotegida e este deve ser um montante bastante baixo, insuficiente para perturbações maiores na formação do preço.

Por outro lado, o BC tem se mostrado atento à margem da manutenção do volume de hedge colocado no mercado, ao acompanhamento da liquidez e tem realizado ofertas de liquidez com linhas de financiamentos ou, mais recentemente, com contratos à termo.

Portanto, neste ambiente o BC tem cumprido o seu papel corretamente, não havendo porque fazer ofertas maiores de hedge na forma de swaps cambiais ou de liquidez no mercado à vista.

Então, poderia se afirmar que neste momento a alta do preço da moeda americana no mercado brasileiro tem fundamentos muito frágeis, tendo em vista que o Congresso tende, como já evidenciou ontem, a com uma discussão a mais ou a menos acabar convergindo para aprovar as medidas de interesse do governo.

Mas olhemos no sentido oposto.

Os números recentes do setor externo foram bastante positivos para o país, trazendo inclusive a perspectiva de que os IED´s sejam suficientes para cobrir o déficit em transações correntes, o que é um cenário bastante confortante no contexto atual.

Os IED´s tendem a apresentar queda no volume, mas o déficit em transações correntes tende a cair mais, conduzindo a conta ao equilíbrio. Evidentemente que fica evidente que o Brasil é neste momento um país menos atraente ao capital produtivo, tendo em contrapartida uma economia menos ativa, mas embora isto seja ruim acaba por gerar um resultado de equilíbrio para as contas externas.

Temores em relação a eventuais decisões das empresas de rating da nota de crédito soberana do país vão sendo mitigados, afastando do curto prazo o risco de um segundo rebaixamento comprometendo o grau de investimento.

A manifestação da Moody´s afirmando que o país não está tão ruim quanto outros que foram rebaixados e mostrando uma visão prospectiva a respeito do crescimento da divida publica bruta e seu crescimento e da ocorrência em dois exercícios de recessão, ressaltando o diferencial da existência de reservas cambiais, é um fato extremamente relevante.

São, portanto, o equilíbrio IED´s/déficit em transações correntes e a manifestação da Moody´s, fatores relevantes de impacto contracionista no preço da moeda americana no nosso mercado, que não foram considerados com o devido peso e importância.

É absolutamente necessário observar que a atual taxa cambial contém substanciais riscos aos tomadores, pois esta subindo “no vazio” fomentado pelo estimulo de viabilidade de um cenário amplamente negativo carente de fundamentos já sustentáveis, e está desconsiderando fatores concretos de impacto nas contas externas.

Há o risco de um ajuste abrupto, com forte queda do preço na medida em que as coisas se acomodem politicamente e passem a serem observados os pontos positivos recentes.

Sempre lembrando que estamos falando do setor externo, que se configurava bastante desfavorável ao país.

 

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