EDIÇÃO ESPECIAL – PONTO DE VISTA

“A nova estratégia de intervenção do BC no mercado de câmbio com os ajustes no programa de oferta de liquidez”

O BC anunciou ontem, pós expediente,  os ajustes que promoverá no seu programa de intervenção com oferta de liquidez no mercado de câmbio:

“Tendo em vista que a necessidade de proteção cambial (“hedge”) demandada pelos agentes econômicos vem sendo atendida pelo programa de leilões de swap e venda de dólares implementado pelo Banco Central do Brasil (BC), desde 22 de agosto de 2013, e ainda com o objetivo de continuar provendo “hedge” cambial e liquidez ao mercado de câmbio, o  BC comunica que, a partir de 2 de janeiro de 2014, estenderá o programa de leilões de swap cambial e de venda de dólares com compromisso de recompra, pelo menos até 30 de junho de 2014, nas seguintes condições:

 1 – haverá leilões de swap de segunda a sexta-feira, quando serão ofertados US$ 200 milhões por dia;

2 – os leilões de venda de dólares com compromisso de recompra serão realizados em função das condições de liquidez do mercado de câmbio; e

3 – sempre que julgar necessário, o Banco Central do Brasil poderá realizar operações adicionais de venda de dólares através dos instrumentos ao seu alcance.”

O ajuste permite o entendimento de que a autoridade monetária prevê movimentos mais intensos de saída de recursos do país do que ingressos pelo menos no 1º semestre de 2014.

Considerando que, a rigor, quase todos os recursos passíveis de saída do país, em função da redução de liquidez do mercado internacional e adicionalmente em razão do aumento de atratividade do mercado americano, estão “hedge”, o raciocínio é de que nas rolagens das posições vincendas de contratos de “swaps cambiais” já colocados haverá folga, por isso reduziu o tamanho da oferta diária para US$ 200 M de segunda a sexta feira, algo como US$ 1,2 Bi semanal, cortando pela metade a oferta anterior que correspondia a US$ 2,5 Bi semanal.

Na gestão das rolagens estará o monitoramento mais agudo da observação do comportamento da demanda, que deve ser menor em decorrência da saída de recursos que estavam com “hedge”, por isso pode trabalhar com um programa de oferta menor diária.

Por outro lado, o foco do ajuste é a perspectiva de aumento do fluxo de saída de recursos do país, o que leva a autoridade monetária a deixar em aberto o “tamanho” da intervenção com ofertas de vendas de linhas com recompra e a oportunidade de quando fazê-la, e da mesma forma deixa evidente que poderá realizar operações adicionais de venda de dólares através dos instrumentos ao seu alcance, que naturalmente passa pela possibilidade de vender dólares ao mercado com leilões, se assim se fizer necessário.

Claramente a percepção do BC nos parece d ser a de que haverá recuo da demanda por “hedge” conseqüente da saída de recursos do país, o que lhe permite manter a estratégia programada para oferta de contratos de “swaps cambiais” e, em contrapartida deve estar considerando a intensificação da demanda no mercado à vista de dólares “spot” decorrente do movimento de saídas de recursos do país, o que o levou a mudar a estratégia para oferta de liquidez no mercado à vista para operacional.

No nosso ponto de vista, o BC, sem que naturalmente manifeste ou venha a admitir isto, esta prevendo um cenário desfavorável para os fluxos de recursos para o país, pelo menos até o 1º semestre.

 

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